Política

Em ato pró-Haddad, milhares se reúnem para repudiar a ditadura

Organizado por Guilherme Boulos, do PSOL, ato ocupou a Avenida Paulista, em São Paulo

Ato #DitaduraNuncaMais reuniu milhares de estudantes, negros, movimentos sociais, LGBTs e idosos que veem em Bolsonaro uma ameaça à democracia e às suas vidas
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O som das batucadas às seis da tarde, no vão do Masp, em São Paulo, davam o tom do que seria a noite desta quarta-feira 10. “Marielle vive, Marielle viverá”, cantava a multidão no ritmo dos tambores. Era sobre memória. Em cima do carro de som, foram lembrados também Carlos Marighella e Olga Benário e de Moa do Katendê, assassinado a facadas em Salvador, no último domingo por um eleitor de Jair Bolsonaro.

Convocado por Guilherme Boulos, do PSOL, o ato #DitaduraNuncaMais reuniu milhares de estudantes, negros, movimentos sociais, LGBTs e idosos que ainda se lembram das privações de um governo militar e que veem em Bolsonaro uma ameaça à democracia.

No domingo 7, após a apuração dos votos, o candidato chegou a questionar o resultado, que não lhe rendeu vitória em primeiro turno, e prometeu unir o Brasil – acabando com todas as formas de ativismo. Em entrevistas antigas, o militar reformado, quando ainda não tinha planos sérios de sair como candidato à Presidência, afirmou que daria um golpe no dia seguinte de sua posse como Presidente do Brasil e deixou claro: “sou a favor da tortura”.  

Leia também: Bolsonaro x Haddad: faz sentido falar em eleição dos extremos?

No carro de som, Sônia Guajajaja, primeira mulher indígena a concorrer à vice-presidência, Gleisi Hoffmann, presidente do PT, e Boulos relembraram as propostas do ex-militar. “Se achamos que Temer era ruim, um possível governo Bolsonaro é ainda pior. Não tem compromissos com a maioria, quer retirar direitos”, disse Hoffmann. “Precisamos alertar o que está em risco: a sociedade, a democracia”, completou, ao som de “Haddad sim” e “Ele não”, entoados pelos manifestantes.

Boulos agradeceu pelos votos e seguiu o mesmo tom de Hoffmann. “É o momento mais importante da história da democracia brasileira. É uma eleição da democracia contra a ditadura, da civilidade contra a barbárie”, afirmou. “Precisamos desmascarar Jair Bolsonaro. Ele diz que é contra o sistema político, mas é deputado há quase 30 anos. Recebeu auxílio-moradia apesar de ter casa”, relembro.

 

 

Bolou citou, mais uma vez, o assassinato do Mestre Moa e sobre as notícias de violência que aconteceram nesta semana. A mais disseminada: uma jovem de Porto Alegre, que vestia a camiseta com a frase “Ele não”, foi atacada por três homens e teve a suástica nazista riscada no corpo com um canivete.

Após relativizar os episódios ao dizer que não tinha como controlar seus apoiadores, Bolsonaro afirmou, em sua conta no Twitter, não querer contar com o voto de quem pratica violência contra eleitores adversários.  “A este tipo de gente peço que vote nulo ou na oposição por coerência, e que as autoridades tomem as medidas cabíveis, assim como contra caluniadores que tentam nos prejudicar.

No ato, Boulos pediu aos manifestantes duas coisas: diálogo e coragem. “Trabalhar dia e noite para que Bolsonaro não engane o povo brasileiro. Nem todos que dizem votar nele são fascistas, racistas, machistas e homofóbicos. Há um desespero e desilusão com o sistema político”, disse.

“Eles querem o medo, isso alimenta a campanha dele. Essa selvageria dos últimos dias mostra isso. Mas isso não vai nos intimidar”, concluiu, enquanto a multidão entoava “aqui está o povo sem medo, sem medo de lutar”. Boulos pediu mais atos como aquele para alertar a população. E garantiu que, na próxima semana, estaria ali de novo para organizar uma nova manifestação.

O ato seguiu pela Avenida Paulista logo depois das 20h, com pouco mais de três quarteirões ocupados, e desceu a rua da Consolação. Por ali, juntaram-se mais manifestantes, que desceram até a Praça Roosevelt, onde a manifestação chegou ao fim. Por essa noite. Outras manifestações estão programadas para acontecer em São Paulo amanhã e nos próximos dias.

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