Política

Ronaldo Caiado (DEM) vence a eleição para o governo em Goiás

O candidato, ruralista que atuou a favor do impeachment da ex-presidenta Dilma, conquistou a vaga em primeiro turno

Ronaldo Caiado (DEM) vence a eleição para o governo em Goiás
Ronaldo Caiado (DEM) vence a eleição para o governo em Goiás
Apoie Siga-nos no

Com 89,75% da urnas apuradas, Ronaldo Caiado (DEM) é eleito com 60,15% dos votos válidos para o governo de Goiás neste domingo. 

Líder disparado nas pesquisas anteriores do estado, Ronaldo é membro da família Caiado, tradicional dentro da política no estado e que possui uma relação de décadas com o setor agropecuário da região. Enquanto deputado, o ruralista fez parte da chamada Bancada Ruralista

Em 2016, durante o impeachment, Caiado foi um dos principais articuladores do processo e votou favoravelmente à saída da ex-presidenta Dilma Roussef do governo. Na época, ele defendeu a condenação de Dilma e disse que o país deveria mudar de rumo. “A continuar essa gestão chegaríamos à mesma situação que a Venezuela”, afirmou. Em outra entrevista, no mesmo período, disse: “a minha posição vai ser votar sim, consciente de que ela cometeu crime”.

Em sua trajetória política, Caiado já assumiu outras posições polêmicas. Quando deputado, votou contra a PEC do Trabalho Escravo, dois anos depois, em 2014, ele se pronunciou em favor da mudança da definição de escravidão contemporânea na lei brasileira. Já em dezembro de 2016, votou a favor da PEC do Teto dos Gastos Públicos e em julho do ano passado, também foi favorável à reforma trabalhista.

Em seu plano de governo, Caiado defende a mudança do processo de concessão dessas áreas. Segundo o texto, o atual processo é “um grande gargalo na vida de muitos empreendedores que buscam desenvolver uma atividade regular, seja ele comercial, industrial ou rural”.

Família Caiado

No Senado, Caiado ele defendeu afrouxar critérios para emissão de licenças ambientais. Exemplo disso é um dos projetos de autoria de Romero Jucá, o projeto de lei 654/2015, a fim de agilizar o licenciamento para obras de infraestrutura que possam ser tidas como estratégicas para o governo: hidrelétricas, grandes projetos de mineração ou estradas. Se aprovado, o projeto de lei pode restringir a atuação de órgãos ambientais.

Dentre os Caiado, há quem possa se beneficiar dessa eleição. Um de seus primos, Emival Ramos Caiado Filho, é ligado à Rialma, megacorporação com mais de cinco décadas que atua nas áreas de mineração, energia e agropecuária.

A Rialma aguarda licença para iniciar um empreendimento na Chapada dos Veadeiros, dentro de uma unidade de conservação criada pelo governo em 2001. O que falta para que os projetos da corporação saiam do papel é o licenciamento ambiental, que deve ser autorizado pelo governo do estado.

Em 2010, 26 trabalhadores foram resgatados de jornadas degradantes em uma fazenda de propriedade de Emival. Um segundo cado de trabalho escravo envolvendo a família do governador recém eleito aconteceu em 2014, quando Antônio Ramos Caiado Filho, pecuarista e tio de Ronaldo Caiado, estava entre os 91 incluídos pelo Ministério do Trabalho e Emprego na atualização da relação de empregadores flagrados com trabalho escravo, a chamada “lista suja”.

Na fazenda em que os trabalhadores foram resgatados eram criadas 2.500 cabeças de boi ao longo de 6.400 hectares. Segundo a Repórter Brasil, Caiado Filho foi considerado responsável por submeter quatro pessoas a condições degradantes e a jornadas exaustivas na produção de carvão.

Os resgatados cumpriam jornadas de até 19 horas seguidas. As jornadas se davam na fazenda de Antônio Ramos, em Nova Crixás, reduto eleitoral da família. Na época, o pecuarista negou ter responsabilidade sobre as condições a que os carvoeiros foram submetidos.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.

O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.

Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.

Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo