Política
Eleições 2024: Lula e Bolsonaro podem trazer mais rejeição – e não só votos – a candidatos, diz pesquisa
‘A Cara da Democracia’ mostra que quase metade dos eleitores não vai votar ‘de jeito nenhum’ em candidatos apoiados pelas principais figuras políticas do país


As eleições municipais, marcadas para o próximo mês de outubro, devem mostrar o tamanho da influência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – as duas principais figuras políticas do país nos últimos anos – sobre o comportamento dos eleitores brasileiros.
Afinal, os dois personagens captaram os distintos anseios da população nos últimos anos. Uma eleição que pode servir de exemplo na disputa é a que acontecerá em São Paulo, que vai colocar frente a frente, entre outros candidatos, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) e o atual prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB).
Entretanto, a polarização no país pode contribuir para a rejeição a candidatos apoiados por Lula e por Bolsonaro. É o que mostra a pesquisa “A Cara da Democracia”, feita por pesquisadores da UFMG, Unicamp, UnB e Uerj; e divulgada no último domingo 14.
De acordo com o levantamento, a cada dez eleitores, entre quatro e cinco dizem que não vão votar “de jeito nenhum” em candidatos apoiados ou pelo atual presidente ou pelo antecessor.
Um eventual apoio de Lula ajuda mais e atrapalha menos que o de Bolsonaro. Quase metade (40%) dos entrevistados disseram que descartam votar em um aliado de Lula, enquanto 27% dizem que votariam “com certeza” e outros 26% consideram a possibilidade.
A rejeição a um apoio de Bolsonaro é de 49%, segundo a pesquisa. Enquanto isso, 20% dizem que certamente votariam em alguém apoiado pelo ex-capitão, e outros 26% dizem que poderiam votar.
A rejeição aos apoios de Lula e Bolsonaro é maior do que o rechaço ao apoio dos governadores, que alcançou 36%. Ainda no caso dos governadores, o percentual dos que disseram que “com certeza” votariam em um candidato apoiado pelo mandatário local ficou em 21%.
A pesquisa também captou a avaliação sobre as principais figuras políticas do país. No caso de Lula, apesar dos que disseram “não gostar” ou “gostar pouco” terem passado de 35% para 40%, entre 2023 e 2024, os que “gostam muito” somaram 35% neste ano.
É o índice mais alto entre as principais figuras políticas do país, incluindo o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que ficou com 16%, e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), que alcançou 9%.
A pesquisa “A Cara da Democracia” foi feita entre 26 de junho e 2 de julho. Mais de 2,5 mil entrevistas foram feitas em todo o país, de maneira presencial. A margem de erro é de dois pontos percentuais.
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