Política

Eduardo Leite chama Bolsonaro de ‘imbecil’, mas justifica voto contra o PT em 2018

Volta do PT ao poder ‘parecia algo muito ruim’, diz governador do Rio Grande do Sul

O ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite (PSDB). Foto: Itamar Aguiar/ Palácio Piratini
Apoie Siga-nos no

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), chamou o presidente Jair Bolsonaro de “imbecil”, por ocasião de ataques homofóbicos feitos pelo chefe do Palácio do Planalto na sexta-feira 2.

Bolsonaro havia dito que Leite estava usando a sua orientação sexual como “cartão de visita” para uma candidatura a presidente em 2022, após o tucano revelar que é gay ao programa Conversa com Bial, da TV Globo. O presidente sugeriu ainda que o gaúcho queria “impor seu comportamento”.

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Leite rebateu: “O presidente é um imbecil. Onde está a tentativa de imposição de qualquer coisa para qualquer pessoa? Uma declaração sobre a minha orientação sexual. Não resta outra coisa a dizer senão que o presidente é um imbecil”.

Na mesma entrevista, no entanto, defendeu o seu voto em Bolsonaro nas eleições de 2018.

Na opinião do tucano, “a candidatura do Bolsonaro não tinha nenhuma expectativa que pudesse significar alguma coisa positiva”, no entanto, uma possível volta do PT ao poder “parecia naquele instante algo muito ruim”.

Leite também elogiou as primeiras iniciativas do mandato de Bolsonaro, especialmente na área do Ministério da Economia, de Paulo Guedes, como a reforma da Previdência.

“Restou, no momento em que Bolsonaro foi eleito, pelo bem do país, trabalhar para que desse certo. No início, apresentou medidas, retomando a reforma da Previdência, uma expectativa de modernização da economia conduzida pelo ministro Paulo Guedes, gerava expectativa de que pudesse ter algum elemento que gerasse crescimento econômico e emprego.” Em seguida, Leite afirmou que “ninguém tinha no script uma pandemia” e que Bolsonaro “foi líder na direção contrária” de salvar vidas.

O governador também minimizou a contradição entre sua orientação sexual e a sua posição pública a favor de um candidato que proferiu declarações homofóbicas abertamente. Leite rejeitou a colocação de que manifestou “apoio” a Bolsonaro e disse que apenas declarou o voto “com uma crítica contundente”.

“Claro que a eleição do Bolsonaro foi um erro. Um erro que cometemos eu e milhões de brasileiros, mas que se deu em função de no outro lado haver um partido que errou na corrupção, errou na condução da economia. Estávamos diante de uma situação de escolher entre dois caminhos. Erramos. Mas não é sobre discutir erros do passado, é sobre construir caminhos para o futuro. Esse é o ponto objetivo para o Brasil.”

‘Não tenho arrependimento’, disse Leite, em 2020

Nas eleições de 2018, quando era candidato a governador, Leite manifestou uma espécie de “voto crítico” em Bolsonaro, em que disse que não viu “autocrítica” do candidato de extrema-direita “sobre frases e pensamentos que não respeitam a democracia e a existência pacífica e natural de outros seres humanos”.

“Da mesma forma que eu sei que existem gaúchos que votam no Haddad e são contra a corrupção, eu sei que existem gaúchos que votam no Bolsonaro e que também não estão 100% confortáveis com suas posições. E eu sou um deles.”

Quase dois anos depois, quando a pandemia já havia sido declarada, Leite defendeu novamente a sua decisão de votar em Bolsonaro em 2018. Ao programa Roda Viva, o tucano criticou Haddad por buscar “conselhos na cadeia”, em referência pejorativa à prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que teve suas condenações anuladas e a condução do seu julgamento considerada como suspeita.

“Não tenho arrependimento, porque, dadas aquelas circunstâncias, naquela situação, seria muito ruim, naquele momento, um retorno do PT ao poder, depois de tudo o que tinha acontecido”, disse. “O retorno do PT, com um candidato que buscava conselhos na cadeia, de um ex-presidente que estava preso, julgado em 2ª instância, seria muito ruim também.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo