Política
Eduardo Bolsonaro diz que pode ser candidato à Presidência em 2026
O deputado federal é investigado por atentar contra a soberania brasileira e tramar contra autoridades do País durante sua estadia nos EUA


O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou, nesta quarta-feira 6, que pode ser candidato à Presidência da República em 2026. A declaração foi dada ao jornal O Globo.
Segundo o parlamentar, há duas condições para sair candidato: ter o apoio do pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e ‘anular’ o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
“Tenho que ter sucesso nessa questão de resgate da normalidade democrática no Brasil e no isolamento do Alexandre de Moraes, na anistia, em todas essas pautas. Porque isso daria tranquilidade para eu voltar ao Brasil sem ser preso. Se, nesse cenário, Jair Bolsonaro quiser me apoiar, eu sairia candidato a presidente da República”, explicou.
Bolsonaro, convém registrar, está inelegível e, recentemente, foi alvo de uma ordem de prisão domiciliar por descumprir medidas cautelares. Com a expectativa de que o julgamento pela trama golpista seja finalizado nos próximos meses, a situação jurídica e política de Bolsonaro pode se complicar significativamente, reduzindo ainda mais as chances de ser candidato no ano que vem.
Diante desse cenário, aliados – entre eles Eduardo – tentam se cacifar como herdeiros políticos do ex-capitão. Para isso, o grupo trava, inclusive, uma guerra interna, com ataques públicos e tentativas de desmoralizar concorrentes.
Questionado sobre alguns destes adversários na disputa interna da extrema-direita, Eduardo evitou tecer novas críticas a Nikolas Ferreira (PL-MG) e justificou o silêncio como uma forma de evitar “dar pano para a manga” na briga entre os dois. Já sobre Tarcísio de Freitas (Republicanos), apontado como o provável sucessor de Bolsonaro, Eduardo sinalizou que não considera o político como um bom candidato.
“Com relação ao Tarcísio, cada um tire suas conclusões. O Tarcísio ainda acredita numa estratégia de diálogo, de colocar panos quentes e ver se consegue extrair alguma benesse disso. Eu não acredito, porque foi infrutífero no passado”, disse o deputado ao jornal.
Apesar de reconhecer que deseja concorrer ao cargo na eleição que se aproxima, Eduardo afirmou que não tem planos de voltar ao Brasil por temer ser preso. O político vive nos Estados Unidos desde fevereiro, onde articula sanções a autoridades brasileiras e tem pleiteado uma espécie de intervenção do governo norte-americano no Brasil.
Essa atuação, aliás, o colocou na mira da Polícia Federal, pela qual é investigado por ataques à soberania brasileira. No âmbito desse inquérito, o deputado teve as contas bloqueadas e está proibido de ter contato com Bolsonaro, outro dos investigados.
“Se eu retornar, sei que vou ser preso. Primeiramente, tenho que tirar o Alexandre de Moraes dessa equação, anular ele, isolá-lo. A gente tem que aprovar uma anistia para que alcance todos os perseguidos por Moraes. Os meus planos aqui são: ou tenho 100% de vitória, ou 100% de derrota. Ou saio vitorioso e volto a ter uma atividade política no Brasil, ou vou viver aqui décadas em exílio”, sustentou.
A permanência nos EUA o coloca em um limbo na Câmara dos Deputados, que precisará nas próximas semanas definir se permite a atuação remota de Eduardo ou decreta o fim do seu mandato. A Mesa Diretora da Casa ainda não deu sinais sobre o que pretende fazer no caso. “Posso garantir que eu não vou renunciar. Se for necessário, se alguém for tomar alguma medida para que eu perca o mandato, vai ser aí do Brasil, vai ser do STF ou do Congresso”, afirmou Eduardo ao jornal.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

A nova pesquisa Datafolha sobre a aprovação do STF
Por CartaCapital
Ao defender Jair Bolsonaro, Eduardo ‘omite’ longo histórico de críticas à prisão domiciliar
Por CartaCapital
A proposta de Tabata que impediria manobra para salvar Eduardo Bolsonaro
Por CartaCapital