Em quatro anos, Jair Bolsonaro e representantes de seu governo fizeram 150 viagens à Arábia Saudita. Reiteradas vezes o ex-capitão convidou o príncipe Mohammed bin Salman, acusado de ordenar o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, colaborador do Washington Post, para visitar o Brasil. Estava disposto a oferecer imunidade absoluta de chefe de Estado ao herdeiro da monarquia saudita, que à época respondia a um processo nos EUA pelo homicídio – arquivado no fim do ano passado, a pedido do presidente Joe Biden – e ainda figura como réu na Alemanha por crimes contra a humanidade. Não fosse a revelação de que Bolsonaro tentou embolsar as joias presenteadas pelo rei Salman, avaliadas em mais de 18 milhões de reais, é provável que esse intenso vaivém do staff presidencial tivesse passado em brancas nuvens pelos jornais brasileiros.
Nem parece a mesma mídia que, nos últimos dias, uniu-se num estridente rechaço à recepção dada por Lula ao “ditador” da Venezuela. “No noticiário, houve quem ficasse indignado com o fato de Nicolás Maduro ser recebido com honras de chefe de Estado. Ora, e ele é o quê?”, pergunta Gilberto Maringoni, professor de Relações Internacionais da UFABC, em entrevista ao canal de CartaCapital no YouTube.
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