Política

Dois anos após o 8 de Janeiro, governo reintegra 21 obras vandalizadas por golpistas

Lula e Janja participaram da cerimônia, que marca a restauração de peças como ‘As Mulatas’ e um raro relógio do século XVIII

Dois anos após o 8 de Janeiro, governo reintegra 21 obras vandalizadas por golpistas
Dois anos após o 8 de Janeiro, governo reintegra 21 obras vandalizadas por golpistas
Presidente Lula (PT) participa de cerimônia. Foto: Ricardo Stuckert / PR
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O governo federal reintegrou ao acervo da Presidência da República, nesta quarta-feira 8, as 21 obras de arte depredadas por manifestantes golpistas. A data marca os dois anos dos atos antidemocráticos na Praça dos Três Poderes.

Na cerimônia, que contou com a presença do presidente Lula (PT), da primeira-dama Janja e de autoridades que participaram do processo de restauro do acervo, foram reintegrados itens como um relógio pêndulo do século XVIII e um quadro de Di Cavalcanti.

Janja discursou para os presentes e destacou que a data serve para “celebrar e reforçar a democracia, e para entregar ao povo brasileiro o seu patrimônio inteiramente restaurado”.

Um dos órgãos que participou do restauro foi o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), cujo presidente, Leandro Grass, destacou que foram investidos 2 milhões de reais no trabalho.

Segundo ele, o processo também tornou possível o acesso de alunos da rede pública de ensino a ações de educação patrimonial. Além disso, um livro sobre o trabalho de recuperação também foi produzido.

Para ele, “essa importantíssima entrega se soma aos mais de 370 milhões investidos no Patrimônio Material e Imaterial nesses primeiros dois anos do governo”. 

Obras entregues

Parte dos trabalhos também foi conduzida pela relojoaria suíça Audemars Piguet, que chegou a financiar os custos de mão de obra. Para isso, foi realizado um acordo de cooperação do governo federal com o governo da Suíça. 

No evento de hoje, o embaixador da Suíça no Brasil, Pietro Lazzeri, esteve presente e destacou a parceria entre os países. “A restauração foi complexa. Precisou da excelência, mas, também, da criatividade e do jeitinho suíço-brasileiro”, sintetizou. 

“Acho que é fundamental valorizar e cuidar das nossas relações, da nossa amizade, dos nossos direitos humanos e das nossas democracias, que são delicadas e, ao mesmo tempo, resilientes como esse relógio que volta aqui, hoje”, afirmou.

A restauração da peça exigiu mais de mil horas de trabalho, segundo o embaixador, o que implicou no treinamento de profissionais que, daqui em diante, farão a manutenção do relógio.

Outro item relevante restaurado foi o quadro As Mulatas, de Di Cavalcanti. Os extremistas que invadiram as sedes dos Três Poderes fizeram sete perfurações na obra, que, agora, volta ao terceiro andar do Planalto. 

Entrega da obra ‘As Mulatas’, de Di Cavalcanti.

Foto: Ricardo Stuckert / PR

A professora da Universidade Federal de Pelotas, Andréa Bachettini, que coordenou o projeto de restauração, discursou no evento de hoje e disse que o trabalho na obra de Di Cavalcanti foi um dos mais simbólicos.

“Após a restauração, os danos ficaram imperceptíveis pela parte da frente, mas pelo verso a gente consegue ver as ‘cicatrizes’, as marcas dos rasgos. A gente não podia esconder”, disse a coordenadora.

Agora, as peças restauradas deverão ser distribuídas. Parte delas ficará no Palácio do Planalto, enquanto outras irão para o acervo do Palácio da Alvorada.

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