Política
Do reflexo do general Cid a reunião de Bolsonaro nos EUA: veja fotos da PF no relatório sobre as joias
As imagens constam de um material de mais de 2 mil páginas enviado ao Supremo Tribunal Federal


A Polícia Federal localizou em um computador do tenente-coronel Mauro Cid uma foto do encontro em que Jair Bolsonaro (PL) teria recebido parte do dinheiro proveniente da venda ilegal de joias doadas ao seu governo.
A imagem consta do relatório enviado pela PF ao Supremo Tribunal Federal com o indiciamento de Bolsonaro e outras 11 pessoas.
A corporação enquadrou o ex-presidente nos crimes de peculato, lavagem de dinheiro e associação criminosa, mas uma eventual denúncia depende da Procuradoria-Geral da República.
Na foto, o grupo se reúne no Hotel Omni Berkshire Place, em Nova York, em setembro de 2022. Bolsonaro havia viajado para participar da Assembleia-Geral da ONU. Cid e seu pai, o general Mauro Lourena Cid, estão no registro.
A PF utilizou os metadados da imagem no computador de Cid, inclusive as coordenadas do local, para atestar que o grupo estava no hotel. No relatório, apresenta inclusive uma análise sobre “o padrão de estofamento e a decoração do ambiente”:
Diz o relatório da PF:
“Mauro Cesar Lourena Cid confirmou que repassou ao então presidente da República JAIR BOLSONARO uma parte do valor decorrente da venda dos relógios, quando de sua ida até a cidade de Nova Iorque para participar de um evento na Organização das Nações Unidas – ONU. O declarante afirmou que repassou os valores quando visitou o ex-presidente no hotel em que estava hospedado na cidade, entregando o dinheiro em espécie, por meio de Mauro Cesar Cid, então chefe da Ajudância de Ordens do Presidente”.
Segundo a investigação, até aquele momento Lourena Cid havia sacado cerca de 37,6 mil dólares.
O relatório da PF oferece outros registros visuais. Um deles tem como protagonista, mais uma vez, o general Lourena Cid, cujo reflexo apareceu em imagens de esculturas de uma árvore e de um barco que seriam vendidas nos Estados Unidos:
Confira a imagem sem o zoom:
“A investigação identificou várias mensagens entre Mauro Cesar Cid e seu pai Lourena Cid em que restou evidenciado a intenção de vender as referidas esculturas”, escreveu a PF.
Essas fotos datam de janeiro de 2023. No dia 4 daquele mês, conforme o documento, Mauro Cid havia pedido ao pai para “não esquecer de tirar fotos” e “ver se tem algum documento junto com as peças”.
“Lourena Cid informa que já havia tirado as fotos e que não havia documentos. Além disso, ele envia uma sequência de imagens de dois objetos que seriam uma árvore e um barco dourados.”
No mesmo dia, Mauro Cid compartilhou com o pai uma pesquisa no Google sobre uma empresa de Coral Gables, na Florida, especialiazada na compra de diamantes.
Na sequência, o relatório apresenta imagens de Jair Bolsonaro recebendo uma palmeira “semelhante” à das fotos encaminhadas por Lourena Cid ao filho, em 16 de novembro de 2021, no Seminário Empresarial da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira em Manama, no Bahrein:
Ao longo das mais de 2 mil páginas do relatório, os investigadores também anexaram diversas fotos de outras joias vendidas (ou alvo de tentativas de venda). Veja alguns exemplos:
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Tic tac? Relatório da PF sobre as joias cita tentativa de golpe em 2022
Por Leonardo Miazzo
Como Bolsonaro cometeu 3 crimes no caso das joias, segundo a PF
Por Wendal Carmo
Serrano: Relatório da PF sobre as joias é contundente e situação de Bolsonaro é pior do que se imaginava
Por Leonardo Miazzo