O termo de ajustamento de conduta proposto em 2020 pelo Ministério Público à Volkswagen, reparação à cumplicidade da montadora alemã com os órgãos de repressão durante a ditadura, rendeu frutos. Parte do dinheiro pago pela multinacional acabou revertido para o projeto “A Responsabilidade de Empresas por Violações de Direitos Durante a Ditadura”. Coordenado pelo Centro de Antropologia e Arqueologia Forense da Universidade Federal de São Paulo, o levantamento investiga desde então dez companhias colaboracionistas: Aracruz, Cobrasma, Companhia Siderúrgica Nacional, Docas de Santos, Fiat, Folha de S. Paulo, Itaipu, Josapar, Paranapanema e Petrobras.
Divulgados no início de junho, os resultados apontam violações de direitos trabalhistas, danos à saúde em decorrência de trabalhos insalubres, repressão (impedimento de organização de funcionários e direito à greve), vigilância de trabalhadores e produção de “listas sujas” para impedi-los de encontrar novos empregos, prisões ilegais e ocultações de paradeiro às famílias, tortura, violência sexual, morte de trabalhadores, discriminação racial ou de gênero. Entre os crimes contra povos indígenas, quilombolas ou camponeses, há esbulho de terras, destruição das lavouras ou produção, trabalho escravo ou infantil, tortura e mortes e desaparecimentos, entre outros.
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