Ditadura S/A

Investigação independente revela graves violações de direitos por empresas cúmplices do regime

Simbiose. A Aracruz Celulose e a Fiat receberam incentivos fiscais do regime e em troca espionaram os funcionários em parceria com os órgãos de repressão. Na montadora instalada em Betim, Minas Gerais, funcionava uma sala de interrogatório – Imagem: Suzano Papel e Celulose e FIAT

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O termo de ajustamento de conduta proposto em 2020 pelo Ministério Público à Volkswagen, reparação à cumplicidade da montadora alemã com os órgãos de repressão durante a ditadura, rendeu frutos. Parte do dinheiro pago pela multinacional acabou revertido para o projeto “A Responsabilidade de Empresas por Violações de Direitos Durante a Ditadura”. Coordenado pelo Centro de Antropologia e Arqueologia Forense da Universidade Federal de São Paulo, o levantamento investiga desde então dez companhias colaboracionistas: Aracruz, Cobrasma, Companhia Siderúrgica Nacional, Docas de Santos, Fiat, Folha de S. Paulo, Itaipu, Josapar, Paranapanema e Petrobras.

Divulgados no início de junho, os resultados apontam violações de direitos trabalhistas, danos à saúde em decorrência de trabalhos insalubres, repressão (impedimento de organização de funcionários e direito à greve), vigilância de trabalhadores e produção de “listas sujas” para impedi-los de encontrar novos empregos, prisões ilegais e ocultações de paradeiro às famílias, tortura, violência sexual, morte de trabalhadores, discriminação racial ou de gênero. Entre os crimes contra povos indígenas, quilombolas ou camponeses, há esbulho de terras, destruição das lavouras ou produção, trabalho escravo ou infantil, tortura e mortes e desaparecimentos, entre outros.

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3 comentários

JOSE CARLOS CABRAL DE FREITAS 23 de junho de 2023 11h20
A verdadeira realidade da Ditadura!!!
ricardo fernandes de oliveira 24 de junho de 2023 18h50
amadeu aguiar e sebastião camargo correia foram os dois maiores contribuintes financeiros para a ditadura, segundo o documentário cidadão boilesen. segundo o coronel erasmo dias, amadeu aguiar percorreu o brasil todo para financiar a ditadura. é estranho que bradesco e camargo correa não estejam na lista. será que o fato de o bradesco ter colocado ao longo dos anos dinheiro na campanha do PT melhora sua situação?
PAULO ouSERGIO CORDEIRO SANTOS 25 de junho de 2023 05h36
É sabido que o capitalismo com o seu viés mais crônico que é o neoliberalismo tem o braço armado no fascismo. A Aracruz, Cobrasma, Companhia Siderúrgica Nacional, Docas de Santos, Fiat, Itaipu, Josapar, Paranapanema e até Petrobrás e Folha de S. Paulo foram colaboradoras da ditadura militar explorando seus funcionários e delatando-os como suspeitos para o regime ditatorial de 64. Uma mancha que deveria ser divulgada amplamente pela imprensa e escrita nos livros de história do Brasil para que a sociedade tenha consciência de que o lucro e o “bom nome” dessas empresas tiveram a marca do sangue, da exploração, da tortura e da perseguição de seus trabalhadores.

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