Política

‘Disputas locais não contaminam a aliança nacional’

O presidente nacional do PT diz que, apesar das rusgas com aliados como o PSB nas capitais, o balanço nas cidades estratégicas ainda é positivo

Rui Falcão. Foto: Agência Brasil
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Presidente nacional do PT, Rui Falcão ainda mostra-se ressentido com o inesperado rompimento da coligação entre o seu partido e o PSB de Belo Horizonte. Apesar do clima de desconfiança, ele garante que a aliança nacional entre as legendas não será afetada pelas disputas municipais. Confira, a seguir, a entrevista concedida a CartaCapital na sede do partido em São Paulo, um dia antes de o PT lançar a candidatura de Patrus Ananias contra Lacerda, aliado nas eleições de 2008.

 

CartaCapital: O rompimento da aliança com o PSB em Belo Horizonte é diferente do ocorrido em Recife e Fortaleza?


Rui Falcão: Em Recife e Fortaleza, havia uma expectativa de renovação da aliança que não se concretizou. Em Belo Horizonte é diferente. Já havia a decisão de apoio à reeleição de Márcio Lacerda, com um vice do PT e uma chapa proporcional. Só que o acordo foi rompido por Lacerda, a pedido do senador Aécio Neves e do governador Antônio Anastasia (ambos do PSDB). São quadros diferentes. Um é a reversão de uma expectativa, o outro é rompimento de um acordo escrito, sacramentado. O PSDB naturalmente estava nos fustigando, mas o compromisso do presidente estadual do PSB, o ex-ministro Walfrido Mares Guia, era de que esse acordo seria honrado. Não foi.

CC: O senhor conversou com a direção nacional do PSB?


RF: Fomos surpreendidos no sábado (30 de junho), logo após a convenção do PSB, com a carta de que o acordo não seria mais cumprido. O vice-presidente nacional do PSB, Roberto Amaral, nos procurou e pediu 12 horas para tentar reverter a decisão local. Esperamos três dias. Premidos pelos prazos eleitorais, tivemos de tomar a iniciativa de lançar candidatura própria.

CC: Ele não explicou a razão do rompimento?


RF: Amaral pedia mais tempo, mas ele próprio disse que foi surpreendido com a entrevista dada por Lacerda indicando um vice do PP em sua chapa na segunda-feira 2. Inclusive, ao que consta, o prefeito saiu de um ato com o governador Anastasia, procurou a imprensa e anunciou seu ex-secretário Josué Valadão como vice. Ele tinha sido exonerado um mês antes, portanto era uma alternativa que o Lacerda tinha previsto. Amaral prometeu buscar uma alternativa na convenção da quarta-feira 4, mas não acredito que o partido pudesse intervir na disputa municipal.

CC: Mas quando necessário a direção nacional do PT intervém nas candidaturas de cidades estratégicas…


RF: Isso diz respeito às formas de atuação partidária de cada legenda. O PT tem a cultura de partido nacional e uma direção com legitimidade reconhecida para intervir politicamente quando necessário nos municípios. Eu imagino que o PSB tenha mais dificuldade, por sua composição, por sua tradição, de ter um comportamento semelhante. São culturas partidárias diferentes.

CC: Belo Horizonte, Recife e Fortaleza são três capitais importantes, onde a coligação entre PT e PSB era dada como certa. Isso não afeta a aliança nacional entre os partidos?


RF:
Vamos ter uma disputa muito acirrada nessas capitais, mas é importante ressaltar que o PSB participa de nosso projeto nacional, ajudou a eleger Dilma e todas as declarações públicas de Eduardo Campos (governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB) são de que estaremos juntos em 2014. Por isso não queremos que as disputas locais contaminem a aliança nacional. O presidente Lula já anunciou que estará no palanque de Humberto Costa em Recife, por exemplo, mas isso não significa em rompimento da aliança nacional.

CC: Mas é natural supor que o PT passe a priorizar outros aliados, como o PMDB, inclusive na sucessão de Dilma…


RF: O PMDB é um parceiro estratégico. Hoje, o vice-presidente Michel Temer tem um papel importantíssimo para o governo. Ele unifica o PMDB, tem ajudado bastante Dilma Rousseff, é essencial. Mas a discussão sobre o vice na sucessão de Dilma é coisa para ser discutida no momento certo. E não depende de resultados eleitorais de agora. É natural que os partidos queiram ganhar mais força, mais musculatura nas eleições municipais, porque isso influencia na futura composição do Congresso. Mas não há uma correlação imediata para a corrida presidencial.

CC: Nem na correlação de forças no Congresso? A escolha do próximo presidente da Câmara será no ano que vem…


RF: Nós temos um acordo firmado pelo ex-presidente do PT, José Eduardo Dutra, de haver um rodízio na presidência da Câmara. Aceitamos o compromisso de apoiar um nome indicado pelo PMDB na próxima eleição. Vamos honrar esse acordo.

CC: Então nada muda?


RF: Queremos manter o diálogo com os partidos da base aliada e fazer uma avaliação pós-eleição. Mas não temos nenhum interesse em romper a aliança nacional com o PSB por causa das disputas locais. Se fizermos um balanço das 118 cidades com mais de 150 mil eleitores que consideramos estratégicas, temos mais situações de apoio do PSB ao PT que o inverso. Caiu o número de capitais em que estamos lado a lado, mas o saldo ainda é favorável.

Presidente nacional do PT, Rui Falcão ainda mostra-se ressentido com o inesperado rompimento da coligação entre o seu partido e o PSB de Belo Horizonte. Apesar do clima de desconfiança, ele garante que a aliança nacional entre as legendas não será afetada pelas disputas municipais. Confira, a seguir, a entrevista concedida a CartaCapital na sede do partido em São Paulo, um dia antes de o PT lançar a candidatura de Patrus Ananias contra Lacerda, aliado nas eleições de 2008.

 

CartaCapital: O rompimento da aliança com o PSB em Belo Horizonte é diferente do ocorrido em Recife e Fortaleza?


Rui Falcão: Em Recife e Fortaleza, havia uma expectativa de renovação da aliança que não se concretizou. Em Belo Horizonte é diferente. Já havia a decisão de apoio à reeleição de Márcio Lacerda, com um vice do PT e uma chapa proporcional. Só que o acordo foi rompido por Lacerda, a pedido do senador Aécio Neves e do governador Antônio Anastasia (ambos do PSDB). São quadros diferentes. Um é a reversão de uma expectativa, o outro é rompimento de um acordo escrito, sacramentado. O PSDB naturalmente estava nos fustigando, mas o compromisso do presidente estadual do PSB, o ex-ministro Walfrido Mares Guia, era de que esse acordo seria honrado. Não foi.

CC: O senhor conversou com a direção nacional do PSB?


RF: Fomos surpreendidos no sábado (30 de junho), logo após a convenção do PSB, com a carta de que o acordo não seria mais cumprido. O vice-presidente nacional do PSB, Roberto Amaral, nos procurou e pediu 12 horas para tentar reverter a decisão local. Esperamos três dias. Premidos pelos prazos eleitorais, tivemos de tomar a iniciativa de lançar candidatura própria.

CC: Ele não explicou a razão do rompimento?


RF: Amaral pedia mais tempo, mas ele próprio disse que foi surpreendido com a entrevista dada por Lacerda indicando um vice do PP em sua chapa na segunda-feira 2. Inclusive, ao que consta, o prefeito saiu de um ato com o governador Anastasia, procurou a imprensa e anunciou seu ex-secretário Josué Valadão como vice. Ele tinha sido exonerado um mês antes, portanto era uma alternativa que o Lacerda tinha previsto. Amaral prometeu buscar uma alternativa na convenção da quarta-feira 4, mas não acredito que o partido pudesse intervir na disputa municipal.

CC: Mas quando necessário a direção nacional do PT intervém nas candidaturas de cidades estratégicas…


RF: Isso diz respeito às formas de atuação partidária de cada legenda. O PT tem a cultura de partido nacional e uma direção com legitimidade reconhecida para intervir politicamente quando necessário nos municípios. Eu imagino que o PSB tenha mais dificuldade, por sua composição, por sua tradição, de ter um comportamento semelhante. São culturas partidárias diferentes.

CC: Belo Horizonte, Recife e Fortaleza são três capitais importantes, onde a coligação entre PT e PSB era dada como certa. Isso não afeta a aliança nacional entre os partidos?


RF:
Vamos ter uma disputa muito acirrada nessas capitais, mas é importante ressaltar que o PSB participa de nosso projeto nacional, ajudou a eleger Dilma e todas as declarações públicas de Eduardo Campos (governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB) são de que estaremos juntos em 2014. Por isso não queremos que as disputas locais contaminem a aliança nacional. O presidente Lula já anunciou que estará no palanque de Humberto Costa em Recife, por exemplo, mas isso não significa em rompimento da aliança nacional.

CC: Mas é natural supor que o PT passe a priorizar outros aliados, como o PMDB, inclusive na sucessão de Dilma…


RF: O PMDB é um parceiro estratégico. Hoje, o vice-presidente Michel Temer tem um papel importantíssimo para o governo. Ele unifica o PMDB, tem ajudado bastante Dilma Rousseff, é essencial. Mas a discussão sobre o vice na sucessão de Dilma é coisa para ser discutida no momento certo. E não depende de resultados eleitorais de agora. É natural que os partidos queiram ganhar mais força, mais musculatura nas eleições municipais, porque isso influencia na futura composição do Congresso. Mas não há uma correlação imediata para a corrida presidencial.

CC: Nem na correlação de forças no Congresso? A escolha do próximo presidente da Câmara será no ano que vem…


RF: Nós temos um acordo firmado pelo ex-presidente do PT, José Eduardo Dutra, de haver um rodízio na presidência da Câmara. Aceitamos o compromisso de apoiar um nome indicado pelo PMDB na próxima eleição. Vamos honrar esse acordo.

CC: Então nada muda?


RF: Queremos manter o diálogo com os partidos da base aliada e fazer uma avaliação pós-eleição. Mas não temos nenhum interesse em romper a aliança nacional com o PSB por causa das disputas locais. Se fizermos um balanço das 118 cidades com mais de 150 mil eleitores que consideramos estratégicas, temos mais situações de apoio do PSB ao PT que o inverso. Caiu o número de capitais em que estamos lado a lado, mas o saldo ainda é favorável.

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