Política

Disputa presidencial acirrada tem impacto nas eleições para governador

Treze estados e o DF escolhem seus chefes de Executivo neste domingo. Segundo as pesquisas, quatro estados apresentam disputas tecnicamente empatadas e em apenas dois a diferença entre os candidatos é folgada

A disputa para governador está acirrada em diversos estados brasileiros.
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Por conta da diferença de fuso horário de duas horas entre Brasília e o Acre, acrescida em uma hora graças ao horário de verão, os escolhidos neste segundo turno para comandar o País, 13 estados e o Distrito Federal só poderão ser revelados após as 20 horas de Brasília. Para os eleitores das unidades da Federação envolvidas em um segundo turno, a ansiedade será dupla.

Com a perspectiva de ser decidido voto a voto, o pleito presidencial deixou rastros pelo País. Nos levantamentos estaduais realizados por Ibope e Datafolha, apenas dois candidatos na liderança apresentam uma preferência igual ou superior a 60%: Waldez Góes (PDT), no Amapá, e Marconi Perillo (PSDB), em Goiás. Quatro disputas estão tecnicamente empatadas: Ceará, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Pará. Embora na maior parte dos estados os líderes guardem a primeira posição fora da margem de erro, os equívocos das pesquisas no primeiro turno devem servir de alerta para os cenários apontados até o momento.

Em dois estados, o desempenho de Aécio Neves e Dilma Rousseff pode ser diretamente proporcional ao dos candidatos ao governo local. Embora pouco relevantes em número de eleitores, com 2,3 milhões somados, Mato Grosso do Sul e Acre têm como protagonistas candidatos do PT e do PSDB empatados na margem de erro, segundo o Ibope. Em Mato Grosso do Sul, o tucano Reinaldo Azambuja e o petista Delcídio do Amaral têm 51% e 49% das intenções de votos válidos, respectivamente. No Acre, Tião Viana (PT) registra 53% e Márcio Bittar (PSDB), 47%. Vale a ressalva: os levantamentos foram realizados há pelo menos quatro dias e podem não traduzir a realidade atual.

Embora tenha apresentado aumento significativo de sua bancada na Câmara dos Deputados, ao eleger 11 deputados a mais em comparação a 2010, o PSDB certamente sofrerá uma perda no número de estados sob seu controle. Após eleger oito governadores em 2010, o partido tucano conquistou dois estados no primeiro turno de 2014 e disputa outros cinco no domingo 26.

Fora Perillo, Bittar, Azambuja, Expedito Júnior, em Rondônia, e Cunha Lima, na Paraíba, estão empatados na margem de erro com seus adversários, segundo as pesquisas. Se vencerem todas as disputas, os tucanos ainda assim governarão para um número menor de eleitores, mesmo ao se excluir da comparação o eleitorado de Minas Gerais, onde Fernando Pimentel (PT) venceu no primeiro turno. Em 2011, mais de 64 milhões de cidadãos passaram a ser governados localmente por tucanos. Neste ano, o número será de, no máximo, 50 milhões. Mesmo ao se excluírem da comparação os 15 milhões de eleitores mineiros, o PSDB precisará vencer todas as disputas para se equiparar ao número de eleitores de 2010.

Outro partido cuja performance ficará aquém ao do pleito anterior é o PSB. Após conquistar seis estados em 2010, o partido governará cinco caso vença todas as disputas de que participa neste segundo turno. Se Paulo Câmara garantiu a linha sucessória de Eduardo Campos em Pernambuco, os atuais governadores penam para ser reeleitos. No primeiro turno, Renato Casagrande, do Espírito Santo, foi derrotado. No Amapá, Camilo Capiberibe aparece bem atrás de Waldez nas pesquisas. Ricardo Coutinho está pouco à frente de Cunha Lima na Paraíba.

O maior favorito do partido neste segundo turno é Rodrigo Rollemberg, que lidera a disputa no Distrito Federal com razoável dianteira sobre Jofran Frejat (PR), candidato escolhido por José Arruda para substituí-lo após ter a candidatura impugnada com base na Lei da Ficha Limpa. Situação semelhante à da candidata Suely Campos (PP) em Rondônia, substituta do marido, Neudo Campos, alijado da disputa pelo mesmo motivo. O pessebista Chico Rodrigues não acompanha a tendência de vitória de seu correligionário brasiliense e aparece com 44% nas pesquisas.

Já o PT, vencedor em cinco estados nas eleições passadas, certamente controlará um número maior de eleitores, dada a vitória em Minas. Mas o número de estados pode ficar aquém, além ou mesmo patamar em relação a 2010. Após conquistar três governos estaduais em 5 de outubro, o PT participa de quatro disputas neste domingo. O cenério incerto no Acre e em Mato Grosso do Sul é realidade também no Ceará. Camilo Santana liderava com alguma folga as pesquisas, mas um levantamento do Datafolha divulgado, no sábado 25, mostra empate técnico com Eunício Oliveira (PMDB). No Rio Grande do Sul, o atual governador petista, Tarso Genro, tem 41%, segundo o Datafolha, e deve perder a disputa para Ivo Sartori (PMDB).

O PMDB provavelmente vai melhorar seu desempenho em relação a 2010. Vencedor em cinco estados nas eleições passadas, o partido obteve quatro vitórias no primeiro turno: Renan Filho em Alagoas, Paulo Hartung no Espírito Santo, Jackson Barreto em Sergipe e Marcelo Miranda no Tocantins. Embora tais estados somados compreendam um eleitorado modesto, o partido tem boas chances de garantir uma vitória no Rio Grande do Sul, sexto maior colégio, e no Rio de Janeiro, o terceiro maior. Luiz Fernando Pezão tem a preferência de 55% do eleitorado fluminense, contra 45% de Marcelo Crivella (PRB), segundo o Datafolha. Os candidatos Confúcio Moura, em Rondônia, Helder Barbalho, no Pará, e Eunício Oliveira, no Ceará, estão tecnicamente empatados com seus adversários.

Outra tendência a ser confirmada é a maior fragmentação partidária nos Executivos estaduais, em consonância com a maior diversidade demonstrada nas eleições proporcionais. Se nas últimas eleições PSDB, PSB, PMDB e PT passaram a controlar 24 unidades da Federação, o número deve ser menor nestas eleições. Foram eleitos no primeiro turno três governadores de partidos menores: Pedro Taques (PDT), em Mato Grosso; Flávio Dino (PCdoB), no Maranhão; e Raimundo Colombo (PSD), em Santa Catarina. Ao menos quatro candidatos de legendas de pouca expressão histórica em governos estaduais têm representantes na liderança nas pesquisas.

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