Política
Discurso golpista perde poder de influência entre grupos evangélicos, aponta pesquisa
Pela primeira vez desde a reta final das eleições, os grupos publicaram mais mensagens religiosas do que políticas


O discurso golpista que tenta impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) perdeu força entre as redes evangélicas nos últimos dias, segundo monitoramento da Casa Galileia, organização que reúne pesquisadores e promove iniciativas plurais para o público cristão.
Foi apontado pelo estudo uma mudança nos conteúdos compartilhados pelas redes da extrema-direita evangélica, que agora publica mensagens de cunho mais religioso, deixando de lado a política.
As eleições foi o tema principal das publicações de páginas e perfis ligados ao grupo na reta final da campanha eleitoral.
Ao todo foram analisados mais de 3 mil postagens no Facebook, Instagram e Youtube de 308 perfis.
“A extrema-direita evangélica segue denunciando a perseguição e a censura aos cristãos por parte do presidente eleito Lula e do ministro Alexandre de Moraes [do Tribunal Superior Eleitoral], desmobilizando as narrativas de fraude eleitoral ou de apoio às manifestações golpistas”, aponta o documento.
Apesar da mudança do conteúdo, ainda são encontradas mensagens em apoio aos atos golpistas que acontecem na frente dos quartéis desde o dia 30 de outubro.
“É importante destacar que, apesar desses vídeos permanecerem concentrando números consideráveis de visualizações, os vídeos de conteúdos políticos nos canais evangélicos foram pouco mais de 10% na lista dos maiores engajamentos da semana”, cita trecho do documento.
No rol das postagens que tem como tema a política, o foco se tornou o ministro presidente do Superior Tribunal Eleitoral, Alexandre de Moraes.
O pastor Silas Malafaia foi um dos que mais publicou conteúdo contra o magistrado, reiterando a tese falsa de fraude eleitoral.
“[Ele] Voltou a chamar Moraes de ditador da toga e sugeriu que os ministros do TSE pedissem demissão”, diz o texto.
As decisões do ministro quanto a desmonetização de canais propagadores de fake news também tem um amplo espaço nos grupos, que apontam estar havendo censura no Brasil, ignorando que a incitação de golpe militar é crime contra o Estado Democrático de Direito.
A mais recente desinformação veiculadas pelas redes da extrema-direita evangélica está a suposta doença de Lula, que poderia inclusive não tomar posse, segundo as teorias conspiratórias.
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