Política

Diretor de filme sobre Bolsonaro é cotado para secretário-adjunto da Cultura

Josias Teófilo também é diretor do ‘O Jardim das Aflições’, obra que narra a vida e a trajetória de Olavo de Carvalho

Apoie Siga-nos no

O cineasta Josias Teófilo afirmou ao O Globo na quarta-feira 22 que foi sondado pelo governo para ser o novo secretário adjunto da Cultura. Teófilo é diretor da obra “Nem Tudo se Desfaz”, documentário sobre a ascensão de Bolsonaro à presidência nas eleições de 2018; também dirige o filme “O Jardim das Aflições”, obra que narra a vida, a obra, a trajetória e o pensamento filosófico de Olavo de Carvalho, o guru do atual governo.

“Fui sondado por gente do governo. Eu concordei em ir se for convidado oficialmente. Mas ainda falta o convite oficial, ainda precisa ver lá dentro, a própria Regina Duarte ainda precisa aceitar o convite para ser secretária especial da Cultura”, declarou à reportagem.

Questionado sobre o que pensa sobre a política cultural do governo até agora, o cineasta disse que acha que a classe artística e o governo podem se entender. “Regina está com um discurso pacificador. É a melhor coisa que se pode fazer no atual momento. Regina é uma artista, uma pessoa sensível, reconhece a necessidade do diálogo para um entendimento maior. Isso é muito bom. O próprio presidente parece gostar muito dela, está muito reverente a ela”.

Teófilo substituiria José Paulo Soares Martins, secretário adjunto que foi exonerado na quarta-feira 22. No dia 17 de janeiro, o The Intercept Brasil divulgou uma reportagem que tem como base um email enviado por Martins a diretores de entidades como a Agência Nacional do Cinema, a Ancine, e a Fundação Nacional das Artes, a Funarte. Segundo a apuração, o texto encaminhado expõe detalhadamente os mesmos ideais proclamados por Alvim e que levaram à queda do dramaturgo. O e-mail foi disparado dois dias antes do vídeo que cita frases de Goebbels.

A reportagem divulgou trechos do email, onde o então secretário interino pede aos interlocutores que organizem “objetivos e ações para 2020″ levando em consideração alguns pontos prioritários: o nacionalismo, a exaltação à família, a “profunda ligação com Deus” e a “luta contra o que degenera”. Ainda de acordo com a apuração, o último tópico é uma associação direta ao nazismo, que tinha o conceito de “arte degenerada” – aquela considerada imoral e perigosa por não seguir os parâmetros do regime.

Martins também falou sobre o “desafio de reformular o ambiente da cultura em nossa sociedade, há anos influenciada por uma conduções [sic] impróprias aos propósitos aqui mencionados” e cita a “nova visão que vamos implementar para a cultura brasileira”.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo