Política
Diretor da Abin apela para Gonet e tenta arquivar investigação
Em junho, a Polícia Federal indiciou Luiz Fernando Corrêa e outros 35 ao concluir a investigação sobre a espionagem clandestina de opositores do bolsonarismo
O diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Luiz Fernando Corrêa, pediu nesta sexta-feira 11 ao procurador-Geral da República, Paulo Gonet, o arquivamento da apuração contra ele por suposta tentativa de obstruir as investigações sobre o esquema de espionagem ilegal durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).
Em junho, a Polícia Federal indiciou Corrêa e outras 35 pessoas ao concluir a investigação sobre a espionagem clandestina de opositores do bolsonarismo. Agora, cabe à PGR avaliar se denuncia ao Supremo Tribunal Federal os indiciados.
Os defensores de Corrêa justificam haver uma suposta “completa ausência de elementos” que justifiquem o indiciamento do atual chefe do órgão e que “a hipótese acusatória é carente de qualquer sentido lógico”.
“Do ponto de vista fático, a ordenação cronológica mostra que grande parte do que o i. delegado reputa como obstrução das investigações, em verdade, ocorreu antes do início das investigações e antes mesmo do próprio conhecimento do escândalo que viria a eclodir dias depois”, diz.
Além disso, os advogados ainda questionam o fato de Corrêa ter permanecido no cargo durante o governo Lula (PT). “Do ponto de vista político, teria de partir da premissa que a atual administração federal nomeou um diretor-geral que tentou acobertar a instrumentalização da Abin”, completa.
O diretor-geral é acusado dos crimes de embaraço à investigação, prevaricação e coação no curso do processo. Ele tem sido pressionado por trabalhadores da Abin para renunciar ao cargo.
No mês passado, servidores do órgão foram á Justiça para derrubar o diretor do cargo. “Os associados optaram por dar um basta à degradação geral da Anbin e manifestaram claramente sua vontade de reação e defesa da nossa instituição”, diz uma nota da diretoria executiva da Intelis, que representa a categoria dos profissionais de inteligência.
A investigação sobre a chamada “Abin paralela” teve início em 2023. Segundo a PF, o monitoramento ilegal na agência envolveu o uso do software espião FirstMile e mirou jornalistas, advogados, parlamentares e ministros do STF.
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