Política

Direito à arma é igual ter geladeira em casa, compara general Heleno

Depois do liquidificador, foi a vez de outro eletrodoméstico ser associado à posse de arma

O ministro Augusto Heleno. (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil) Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
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Em entrevista à GloboNews nesta quarta-feira 22, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, afirmou que o direito de o cidadão ter uma arma se assemelha ao de possuir uma geladeira em casa. “É um direito do cidadão como qualquer outro, como uma geladeira, como uma televisão, como um aparelho de som. É de acordo com a sua possibilidade”, disse Heleno.

O ministro tecia comentários sobre o novo decreto de armas assinado por Jair Bolsonaro, que flexibiliza a posse e cumpre com uma das promessas de campanha do presidente.

Não é a primeira vez que ministros de Bolsonaro comparam armas a utensílios domésticos. Ao comentar sobre o risco para crianças e jovens, Onyx Lorenzoni, da Casa Civil, declarou: “Criei quatro filhos com arma dentro de casa e meus filhos nunca foram lá porque eu ensinei para eles o que ela significava. A gente às vezes vê criança pequena botar o dedo dentro do liquidificador, ligar e perde o dedinho. Aí vamos proibir o liquidificador? Não. É uma questão de educação, é uma questão de orientação. No caso da arma, é a mesma coisa”.

 

Na quarta-feira 22, o governo precisou publicar outro decreto para estabelecer mais limites em relação às armas permitidas – uma interpretação fazia com que cidadãos comuns pudessem ter acesso ao fuzil T4, de uso militar e policial. Em até 60 dias, o Exército deve publicar a lista de todas as opções disponíveis para civis.

Especialistas e organizações continuam a se posicionar contrários ao maior acesso a armamentos, que se relaciona ao aumento da violência em estudos feitos pelo Atlas da Violência 2018. Governadores de 13 estados publicaram uma carta conjunta demonstrando preocupação em relação às políticas adotadas por Bolsonaro para frear a violência.

O armamento não é bem visto nem pela população, nem pelo Ministério Público Federal. O Instituto Datafolha divulgou no dia 11 de abril que 64% dos brasileiros são contra o porte de armas, e o MPF apontou irregularidades no decreto que afrontam o Estatuto do Desarmamento.

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