Economia

Dino cobra explicações sobre nova brecha para omitir padrinhos de emendas

Aprovação de um projeto de resolução pelo Congresso Nacional mostra que a polêmica em torno dos recursos não chegou ao fim

Dino cobra explicações sobre nova brecha para omitir padrinhos de emendas
Dino cobra explicações sobre nova brecha para omitir padrinhos de emendas
Sessão da Primeira Turma do STF. Ministro Flávio Dino durante a sessão da Primeira Turma do STF. Foto: Gustavo Moreno/SCO/STF
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O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, determinou que as cúpulas da Câmara e do Senado se manifestem, em até dez dias, sobre o projeto de resolução do Congresso Nacional aprovado na semana passada que dribla decisões da Corte e abre brechas para esconder os padrinhos de emendas parlamentares.

A decisão, assinada nesta terça-feira 18, resulta de petições apresentadas pelo PSOL e pelo Instituto Não Aceito Corrupção. A Advocacia-Geral da União, braço jurídico do governo federal, também terá de se manifestar no mesmo prazo.

A nova norma do Congresso estabelece que as emendas de comissão poderão ter indicação individual ou das bancadas partidárias. Contudo, na ata a ser encaminhada aos colegiados com informações sobre os valores e os favorecidos, não há qualquer menção ao nome do parlamentar que solicitou o repasse.

Depois de aprovar as indicações acatadas, a comissão deverá enviar uma nova ata com os detalhes das emendas ao governo federal. No documento em questão há um campo previsto para indicar o congressista que solicitou a verba, mas não está claro se o espaço deve ser preenchido em nome do verdadeiro padrinho ou do líder partidário que encaminhou os pedidos ao colegiado.

Por isso, o PSOL instou Dino a determinar que a Câmara e o Senado “se abstenham de propor, colocar em tramitação ou aprovar projetos de lei, de emenda constitucional, de resoluções ou quaisquer medidas tendentes a descumprir os comandos” do tribunal. Neste primeiro momento, o ministro não fez uma avaliação sobre o texto aprovado pelo Congresso e apenas pediu a manifestação.

As emendas parlamentares representam uma parte cada vez mais significativa do Orçamento da União. São recursos que deputados e senadores destinam a seus redutos eleitorais para a realização de obras e projetos, nem sempre baseando-se em critérios técnicos. No ano passado, o montante reservado para esses gastos foi de cerca de 52 bilhões de reais.

Atualmente, a forma como as verbas de comissão são indicadas impede o reconhecimento dos parlamentares. Nas plataformas de transparência, a emenda é registrada apenas como “RP-8 – emenda de comissão”, inviabilizando que cidadãos e órgãos de controle detectem qual congressista sugeriu a destinação do recurso.

A individualização das emendas foi uma das principais cobranças feitas por Dino na série de decisões que suspendeu o envio dos recursos federais a estados e municípios até a adoção de novas regras de transparência e rastreabilidade.

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