Política
Dilma é honestíssima, mas teve dificuldades em se relacionar, diz Temer
Questionado sobre um eventual impeachment de Jair Bolsonaro, porém, ele considerou ser “natural” que Arthur Lira (PP) tente blindar Bolsonaro
Principal artífice do impeachment de Dilma Rousseff, o ex-presidente Michel Temer (MDB) diz que a derrubada da ex-presidente não se deu por um golpe. Foi, segundo ele, e sim uma consequência da falta de diálogo da petista com o Congresso.
“Não acho que houve golpe. Eu quero dizer que a ex-presidente é honesta. Eu sei, e pude acompanhar, que não há nada que possa apodá-la de corrupta. Ela é honestíssima.Mas houve problemas políticos”, disse Temer em entrevista ao UOL nesta quinta-feira 21. “Ela teve dificuldades teve no relacionamento com a sociedade e com o Congresso Nacional. Esse conjunto de fatores levou multidões às ruas.”
Questionado sobre um eventual impeachment de Jair Bolsonaro, Temer crê que o processo só seria possível com o apoio da população. Ele ainda considerou ser “natural” que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP) tente blindar Bolsonaro das ofensivas da oposição.
“No entanto, ele deveria logo examinar esses pedidos. Ou processá-los, ou indeferi-los”, diz.
Até o momento, Lira deixou de analisar ao menos 145 pedidos pendentes de impedimento contra o ex-capitão. O último foi protocolado nesta segunda-feira 18, e tem como justifica do pedido a utilização do aparato público, como a TV Brasil, para veicular desinformação e ataques aos sistemas democráticos nacionais.
Temer recebeu nesta terça-feira 19, 11 senadores do MDB que defendem que a sigla apoie Lula ainda em primeiro turno. Ele, no entanto, indica que só apoiará o petista em um eventual segundo turno.
“Isso, eu vou decidir na hora certa. O ex-presidente Lula fala em todo momento em ‘golpe’, que a reforma trabalhista foi coisa de escravocrata, que o teto de gastos prejudicou o país. Então, como eu vou dizer que eu vou apoiar alguém que quer destruir um legado positivo para o nosso país?”
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