Política

Dilma e Aécio vão disputar a Presidência no 2º turno

A petista teve 41% dos votos, contra 33% do tucano, que desbancou Marina Silva (21%)

Dilma e Aécio vão disputar o segundo turno
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Pela quarta eleição presidencial consecutiva, PT e PSDB vão disputar a Presidência da República no segundo turno. Na votação realizada neste domingo 5, a presidenta Dilma Rousseff chegou a 41,5% dos votos, contra 33,6% de Aécio Neves (PSDB), que, com uma recuperação impressionante, desbancou Marina Silva (PSB). A ex-senadora, após aparecer à frente de Dilma em um eventual segundo turno, não conseguiu sustentar sua vantagem e despencou a um patamar semelhante ao que obteve em 2010. Marina ficou com 21,3% dos votos neste ano, contra 19,33% obtidos na eleição passada.

Durante boa parte da campanha, a candidatura de Aécio Neves pareceu fadada ao fracasso. Após a morte de Eduardo Campos, que seria o candidato do PSB, Marina assumiu seu lugar e teve uma ascensão significativa. Nas pesquisas, ela chegou a aparecer à frente de Dilma tanto no primeiro quanto no segundo turnos, mas não conseguiu transformar o ímpeto inicial em uma vantagem sustentada. Ao menos em parte, a queda de Marina pode ser atribuída às duras críticas que sofreu das campanhas petista e tucana, às quais teve dificuldade em responder.

O PT focou seus ataques a Marina no que avaliou ser a proximidade da ex-senadora com o sistema financeiro. A presença de Neca Setúbal (da família dona do Itaú) como coordenadora do programa de governo de Marina foi bastante salientada depois que a pessebista tomou o lugar de Campos. Em seguida, o PT bateu forte na proposta de dar independência formal ao Banco Central e fez chegar ao eleitor a impressão de que esta mudança na legislação daria poder aos banqueiros, retirando-o dos governantes eleitos. Outro ataque do PT que pareceu surtir efeito foi direcionado à pouca importância dada por Marina à exploração de petróleo na camada pré-sal. A crítica do partido era que o foco da pessebista em energia renováveis poderia afetar o crescimento do Brasil.

De forma simultânea, Marina foi duramente atacada pelo PSDB. A campanha tucana tentou expor Marina como uma pessoa despreparada para assumir a Presidência da República, e que mudava de opinião de forma frequente – uma acusação também feita pelo PT de forma intensa. O foco das críticas tucanas sobre Marina foi, entretanto, seu passado petista. O PSDB lembrou que Marina fez toda sua carreira política no PT, e não deixou o partido quando ocorreu a crise do “mensalão” em 2005.

Marina não conseguiu responder às críticas e pareceu, em quase todos os casos, estar contendo os danos causados por seus adversários. Um caso emblemático ocorreu na última semana, quando o PT, que tem conhecidas e amplamente criticadas alianças com figuras que apoiavam a ditadura, acusou Marina de ter entre seus aliados apoiadores do regime militar. Sua crítica mais dura a Dilma se concentrou no escândalo da Petrobras, mas surtiu pouco efeito, uma vez que Aécio conseguiu, mais uma vez, trazer para o PSDB a liderança do antipetismo.

Enquanto Marina despencava, seus dois rivais conseguiram se reerguer. Dilma voltou a liderar e, segundo as pesquisas, é favorita para ser eleita no segundo turno. A petista, entretanto, teve um resultado pior que os de Luiz Inácio Lula da Silva nos primeiros turnos de 2002 (46,44%) e 2006 (48,61%) e que o próprio obtido em 2010 (46,91%). Em números absolutos, a petista perdeu quase 5 milhões de votos, passando de 47,6 milhões em 2010 para 43 milhões agora.

Aécio Neves, por sua vez, teve a segunda maior votação do PSDB nos últimos quatro primeiros turnos da eleição presidencial. O senador mineiro chegou a 33,7% dos votos, contra 32,6% de José Serra em 2010, 41,6% de Geraldo Alckmin e 23,2% de Serra em 2002.

Como ocorrera em 2010, a quarta colocação da eleição presidencial ficou com o PSOL. A ex-deputada federal Luciana Genro obteve 1,6 milhão (1,5%), quase o dobro do resultado de Plínio de Arruda Sampaio em 2010.

Atrás de Luciana Genro ficaram o Pastor Everaldo (PSC), com cerca de 770 mil votos (0,75%); Eduardo Jorge (PV), com cerca de 620 mil votos; Levy Fidelix (PRTB), com cerca de 440 mil votos; Zé Maria (PSTU), com 90 mil votos; José Maria Eymael (PSDC), com 60 mil; Mauro Iasi (PCB), com 47 mil; e Rui Costa Pimenta (PCO), com 12 mil votos.

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