Política
Dilma diz que medidas do governo Temer sintetizam problemas do País e critica golpe
Ex-presidente citou teto de gastos, reforma trabalhista, lei das estatais e PPI; também disse ter orgulho do discurso que fez em 2016 sobre ‘nós voltaremos’


A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) afirmou que as aprovações do teto de gastos, da reforma trabalhista, da lei das estatais e do Preço de Paridade de Importação sintetizam o golpe que sofreu em 2016.
As medidas mencionadas foram estabelecidas durante o governo de Michel Temer (MDB), que era vice de Dilma e a sucedeu no cargo após o impeachment.
As declarações de Dilma ocorreram na cerimônia de posse da ministra da Gestão e Inovação dos Serviços Públicos, Esther Dweck, em Brasília. Na ocasião, a ex-presidente lembrou que Dweck foi uma das autoras de um texto que desmontava a acusação sobre o governo petista ter praticado pedaladas fiscais.
“Coisa muito estranha que acontece nesse país, que eu sofro impeachment pelo Senado, que é o Senado que aprova, e ao mesmo tempo tenho minhas contas, seis anos depois, aprovadas”, ironizou.
Na sequência, ela relembrou o discurso que fez quando o seu impedimento foi aprovado, em 2016.
“Tenho muito orgulho de ter proferido um discurso que era sobre ‘nós voltaremos’. Ele tinha esse conteúdo: explicar qual era o desastre e por que nós voltaríamos. Toda a questão que cria problemas para a nossa gestão está sintetizada nas quatro medidas tomadas em 2016: teto de gastos, PPI, reforma trabalhista e lei das estatais. Elas refletem justamente essas amarras”.
A ex-presidente Dilma Rousseff (PT), durante cerimônia de posse da ministra Esther Dweck. Foto: Reprodução
A ex-presidente também enalteceu as primeiras iniciativas do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e disse que a nova gestão “representa a reconstrução do Estado nacional”.
Além disso, atribuiu a medidas neoliberais a dificuldade de resposta contra crises de saúde públicas, como a pandemia de Covid-19. Pesquisadores já apontaram o teto de gastos, por exemplo, como um prejuízo à atuação do Sistema Único de Saúde no combate à doença.
“Quarenta anos de neoliberalismo, que destrói o aparelho de Estado, torna um país incapaz de enfrentar pandemias desse porte“, criticou Dilma.
A ex-presidente não foi designada para nenhum cargo no governo de Lula. Ela esteve presente na posse do companheiro de partido, no dia 1º, após acompanhá-lo em diversos eventos da campanha eleitoral.
Entre os 37 integrantes do gabinete ministerial de Lula, pelo menos três foram favoráveis ao impeachment quando eram parlamentares: Simone Tebet (MDB), que está no Planejamento; André de Paula (PSD), nomeado na Pesca e Aquicultura; e Juscelino Filho (MDB), escolhido para as Comunicações.
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