Desmonte

Tarcísio quer cortar 10 bilhões de reais do orçamento anual da educação

Tesoura. O governador propõe reduzir de 30% para 25% o porcentual de repasse de impostos à área – Imagem: Marcelo S. Camargo/GOVSP

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Uma Proposta de Emenda Constitucional apresentada pelo governo Tarcísio de Freitas à Assembleia Legislativa reduz de 30% para 25% a parcela de impostos destinados à educação no estado de São Paulo. Se aprovada, estima-se um corte anual de 10 bilhões no orçamento do setor, com graves consequências para a educação básica, técnica, tecnológica e superior. Para se ter uma ideia do potencial de impacto, com esse dinheiro seria possível construir 5 mil creches por ano para 1 milhão de crianças ou aumentar em 50% os salários dos profissionais do magistério estadual. Essa PEC é um atentado brutal contra as garantias constitucionais de financiamento e oferta de ensino público em todos os níveis.

É preciso conhecer e respeitar a história. Em 1989, os constituintes paulistas estabeleceram como obrigação do estado aplicar anualmente no campo educacional no mínimo 30% da receita resultante de impostos. Portanto, 5% a mais que o determinado no artigo 212 da Constituição Federal. Ao fazê-lo, os parlamentares estavam cientes das responsabilidades para com a USP, Unesp e Unicamp, a extensa rede de escolas técnicas e tecnológicas, e da inestimável contribuição dessa estrutura para o desenvolvimento econômico e social do Brasil. Sobretudo, tinham pleno conhecimento dos enormes desafios de um sistema de educação básica que deveria atender com qualidade milhões de crianças, jovens e adultos demandantes de condições fundamentais para o exercício de sua cidadania. Estava claro que seria preciso um esforço maior e continuado. Por isso, elevaram o piso dos investimentos públicos obrigatórios para o setor.

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2 comentários

José Carlos Gama 6 de fevereiro de 2024 00h05
Na verdade Educação nesse país sempre foi posta em segunda ordem ou em ordem nenhuma. Tarcísio só esta acompanhando a toada do descaso, pior, esta atitude não causa indignação na população que nada mais é que resultado desse mesmo desleixo intencional - manter o povo curral.
CESAR AUGUSTO HULSENDEGER 7 de fevereiro de 2024 13h55
Os setores ditos atrasados - e os nem tanto - da nossa elite não se recusam a perceber que uma educação de qualidade é a base para uma nação desenvolvida social e economicamente. Elas SABEM que essa relação existe e torpedeiam-na constantemente, pois não lhes interessa uma população educada e preparada. Para esses setores, educar convenientemente a população tirará os privilégios amealhados desde que a turma de Cabral pisou na Bahia. Esse sucateamento da educação não é por não querer reconhecer a sua importância, é justamente por reconhecer essa importância e a ameaça que ela representa aos encastelados no poder.

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