Desigualdade omitida

O presidente pretende liderar o grupo dos países emergentes, esquece, porém, o fato deprimente

Imagem: Timothy A. Clary/AFP

Apoie Siga-nos no

No discurso pronunciado na Assembleia-Geral das Nações Unidas, a expressão mais usada pelo presidente Luiz Inácio Lula da ­Silva foi “desigualdade social”. Referia-se a uma pretensa desigualdade a reinar na patética bola de argila que habitamos, girando elipticamente em torno de uma estrela menor chamada Sol. Aquele público selecionadíssimo aplaudiu com transparente entusiasmo. Talvez entendesse que a atual composição do plenário tivesse de ser alterada, de sorte a permitir o ingresso de novos integrantes no grupo, no momento reduzido, habilitado a dar provimento ou a negá-lo às decisões da Assembleia.

Em matéria de desigualdade social, o país governado pelo palestrante é campeão, conforme estatísticas há tempo divulgadas. Nestes dias, aliás, outra surgiu, obra da União dos Bancos Suíços. Informou que 1% dos mais ricos brasileiros controla 48% da riqueza do País. De alguma forma, esta é a chancela de uma autoridade indiscutível à existência de casa-grande e senzala em uma terra que ainda não se livrou da herança medieval. A realidade nua e crua todos a conhecemos. Andar pelas calçadas do Brasil coloca em risco o nosso passo, diante da possibilidade premente de tropeçar em quem ali dorme ou repousa eventualmente sobre um colchão de jornais amarrotados. Seria um luxo, bem como a sombra de uma árvore.

Leia também

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

3 comentários

Paulo Sérgio Cordeiro Santos 23 de setembro de 2023 04h59
O presidente Lula na ONU foi magnânimo em sua fala e tocou nos pontos fundamentais como a prisão injustificada de Julian Assange, que denunciou crimes praticados pelo governo estadunidense, dos Embargos sem sentido, contra Cuba desde 1962, da questão climática em que os países mais ricos devem financiar os mais pobres e diminuir os níveis de poluentes na atmosfera, pois os acidentes que vemos nos últimos tempos está diretamente ligado as emissões de poluentes que provocam o aquecimento global e mudanças climáticas que resultam nessas catástrofes que assistimos quase que cotidianamente. O Conselho de Segurança da ONU Uma entidade de fachada a serviço dos países europeus e dos Estados Unidos que deve ser mais democratizado e ter assento por outros países realmente comprometidos com a paz no mundo. Mas o ponto crucial do discurso do presidente Lula foi o da desigualdade que aflige os brasileiros e todos os povos do mundo. Com a exploração do trabalho escravo em todo o globo que faz com que os mais ricos se tornem mais ricos. Toda mídia brasileira, exceto essa revista e alguns poucos veículos de comunicação, foram responsáveis pela tragédia Moro-Bolsonaro que praticamente invalidou a consciência das pessoas e causou emburrecimento em quase metade do eleitorado brasileiro. Temos uma desigualdade social infame, caro Mino. Lula não pode querer se conciliar com canalhas que há pouco tempo estiveram com Bolsonaro. Vimos a imagem de Arthur Lira juntamente com Rodrigo Pacheco onde olhavam atentamente a fala do presidente. O que pensavam eles? Hoje vivemos num país onde temos um presidente que é um estadista que faz respeitar interna e externamente a política e a diplomacia brasileira. Todos querem ouvir e conversar com Lula de Putin, passando pelo papa Francisco, Biden, príncipe saudita e até Zelensky. Lula é disputado mundialmente pelo seu exemplo , seu discurso assertivo, carisma e liderança que lhe é peculiar. Mas não se deve ficar somente nas palavras e sim partir para ação de taxação dos mais ricos pelo Brasil e pelo mundo, pois doenças, fome, tragédias, guerras são as consequências do grande mal que o presidente Lula ressaltou que é a desigualdade e o abismo social pelo mundo afora. O planeta precisa de mais Lulas pelo a fim de resolver questões tão básicas como alimentar e educar crianças, cuidar dos idosos e doentes e fazer com que os bilionários sejam menos ricos e mais responsáveis. Parabéns, caro Mino pela reflexão semanal.
José Carlos Gama 25 de setembro de 2023 19h43
É inegável a contraição do discurso, parece o sujo falando do mal lavado. Por traz dessa contradição genuina, existe a intenção do discurso que é melhorar essa condição para índeces menos contraditórios, menos agressivos a população que continuadamente contribui para os poucos ter muito e muito ter pouco, em sendo assim e se nada for feito, discurso é discurso realidade é realidade.
CESAR AUGUSTO HULSENDEGER 26 de setembro de 2023 13h36
Lula sempre será Lula. Às vezes me pergunto se a quizila de Brizola com ele não teria um que de ciúme e inveja. Não sou um lulista, nem um petista, mas Lula sempre surpreende, para o bem E para o mal. Mas não se pode negar seu carisma, que sobrava no meu conterrâneo Dr. Leonel e passou muito longe do último ocupante do Planalto.

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.