Política

Desembargadora que interrompeu julgamento de Moro já apareceu em foto com o ex-juiz

Integrantes do PL e PT, partidos que encabeçam as ações julgadas no tribunal, dizem não acreditar que Cláudia Cristofani irá se declarar suspeita

Foto: Reprodução
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O julgamento no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná que pode levar à cassação do mandato do senador Sergio Moro (União) voltou a ser interrompido nesta quarta-feira 3, após um pedido de vista da desembargadora Cláudia Cristofani.

Até aqui, o placar está empatado. O relator do caso, Luciano Carrasco Falavinha, se manifestou para absolver o ex-juiz da Lava Jato. Nesta quarta, o desembargador José Rodrigo Sade votou por condenar Moro. A próxima sessão está agendada para a segunda-feira 8. 

Contra o ex-juiz pesam acusações de abuso de poder econômico, uso de caixa dois e utilização indevida de meios de comunicação durante a pré-campanha de 2022.

Desde antes do início do julgamento, o voto de Cristofani sempre foi encarado com certa expectativa entre integrantes do Judiciário paranense. Esses rumores se intensificaram após o jornalista Lauro Jardim, colunista d’O Globo, revelar uma foto em que ela aparece ao lado de Moro, então juiz federal.

À época, a magistrada negou que seja amiga do atual senador e disse que a foto foi registrada durante uma reunião “entre colegas de magistratura”, ocorrida na década de 1990.

Cláudia Cristofani tomou posse como desembargadora federal no Tribunal da Regional Federal da 4ª Região em 2013 e exerceu a relatoria de processos da Operação Lava Jato na 4ª Seção Criminal da Corte, responsável pela análise de recursos contra decisões da 8ª Turma.

Em 2022, ela foi a relatora da prestação de contas da campanha de Moro ao Senado, aprovada por unanimidade pelo TRE dois meses após a sua eleição. A desembargadora também já votou a favor do ex-juiz em setembro do mesmo ano, por exemplo, quando relatou pedidos de impugnação de sua candidatura.

Integrantes do PL e PT, partidos que encabeçam as ações julgadas no tribunal, dizem não acreditar que Cristofani irá se declarar suspeita para analisar os processos.

Logo quando a imagem repercutiu em grupos de WhatsApp, os partidos descartaram pedir a suspeição da magistrada. Um motivo foi determinante para isso: se afastada, o TRE do Paraná teria de convocar como substituto o desembargador João Pedro Gebran Neto, do TRF-4, amigo de Moro há mais de 20 anos.

Em nota enviada à reportagem, a desembargadora Cláudia Cristofani afirmou “nunca ter sido amiga” do ex-juiz Sergio Moro e disse que só o encontrou “acidentalmente entre colegas”.

A magistrada também forneceu uma relação com ao menos seis casos em que votou ou tomou decisões frustrando os interesses de Moro e destacou que, em 35 anos de carreira como juíza, está “acostumada a contrariar interesses, indiferentemente de quem seja”.

“A fotografia de um grupo de sete juízes federais foi tirada há mais de 30 anos – se foram até a longínqua década de 90 para pinçar uma foto em que aparecem juntos colegas que trabalharam por anos no mesmo prédio, a ausência de material recente na era digital mais revela que não são amigos pessoais do que o oposto”, escreveu Cristofani.

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