Política

Derrotado, Serra se diz ‘disposto’ e com ideias renovadas

No QG tucano, militantes culpavam os “benefícios sociais” e os “de fora da cidade” pela derrota do candidato em SP

O candidato José Serra, após a derrota nas urnas. Foto: Gabriel Bonis
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Enquanto aguardavam a chegada do candidato derrotado José Serra (PSDB) ao QG tucano no Edifício Joelma, centro da cidade, cerca de 100 militantes do partido culpavam os eleitores “de fora da cidade” e “influenciados por benefícios do governo federal” pela vitória de Fernando Haddad proclamada horas antes. O petista, que obteve 55,57% dos votos válidos contra os 44,43% do ex-governador, acabava de devolver o comando da maior cidade do Brasil ao PT após 12 anos e impôs um novo revés ao tucano, derrotado nas corridas presidenciais de 2002 e 2010. Visivelmente abatido, Serra chegou e saiu sem falar com a imprensa e discursou por cerca de 10 minutos aos que o aguardavam durante quase toda a tarde.

Mesmo com o clima pesado, o tucano recebeu aplausos e gritos de apoio da militância. Agradeceu aos 2,6 milhões de votos no segundo turno, ressaltando ainda ter “disposição” para a vida pública ao mencionar que o contato com o público durante as eleições trouxe para ele novas ideias e energia. “Chego ao fim desta campanha com esta energia, com essas ideias, essa disposição, maiores de que quando entrei na campanha. Vamos em frente.”

 

 

Era uma tentativa de evitar um possível isolamento no PSDB após a derrota e combater o discurso interno cada vez mais forte pela renovação dos quadros tucanos, defendido na manhã de domingo 28 até pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. “O Serra é mais jovem do que eu e ele ainda tem a possibilidade de continuar a sua carreira, mas o partido, no geral, precisa de renovação. O momento é de mudança de gerações, mas isso também não quer dizer que os antigos líderes vão desaparecer. Eles têm apenas que empurrar os novos para frente.”

O discurso foi abraçado pelo vice-governador Guilherme Afif, do PSD de Gilberto Kassab, aliado de Serra. “Sem dúvida, Serra era o candidato com mais experiência e história, mas há uma tendência de renovação [do processo político] no Brasil. Em São Paulo, fica o recado deste processo.”

Já ensaiando uma aproximação com a gestão de Haddad, Kassab desejou sorte ao prefeito eleito e teceu elogios ao tucano. “Espero que ambos possam continuar contribuindo na vida pública, o Haddad como prefeito eleito e o Serra em outras missões, porque são muito bem preparados.”

Em torno do candidato, os militantes tucanos tentavam quebrar o clima com palavras de incentivo, desde os mais singelos, como “São Paulo é quem perdeu”, aos mais extremistas, do tipo “Somos muito melhores do que esles todos [o PT]”. Apesar disso, Serra parecia desconfortável na presença da alta cúpula tucana do estado. O governador Geraldo Alckmin, por exemplo, o abraçou protocolarmente, mas não quis discursar nem mesmo após pedidos de militantes. Andrea Matarazzo (PSDB), segundo vereador mais votado da cidade nestas eleições, por outro lado, evitou adotar o discurso da renovação de quadros. Mas afirmou que o eleitor está mais volátil. “Percebe-se que há uma mudança grande no eleitorado, no processo eleitoral.”

Em defesa de Serra, o senador Aloysio Nunes foi o mais enfático, culpando as “condições adversas” pelo resultado. “Houve uma propaganda tremenda com a presença da presidente [Dilma Rousseff], inclusive usando os meios de transporte oficiais para isso. Além da representação da chantagem de que não haveria verbas federais para a cidade [se Haddad não ganhasse].”

O senador também foi contra o debate sobre a renovação dos quadros do partido. “Não é preciso necessariamente rostos novos, mas ideias novas. Não tenho necessariamente um rosto novo, mas me considero alguém em pleno vigor físico e intelectual.”

Enquanto aguardavam a chegada do candidato derrotado José Serra (PSDB) ao QG tucano no Edifício Joelma, centro da cidade, cerca de 100 militantes do partido culpavam os eleitores “de fora da cidade” e “influenciados por benefícios do governo federal” pela vitória de Fernando Haddad proclamada horas antes. O petista, que obteve 55,57% dos votos válidos contra os 44,43% do ex-governador, acabava de devolver o comando da maior cidade do Brasil ao PT após 12 anos e impôs um novo revés ao tucano, derrotado nas corridas presidenciais de 2002 e 2010. Visivelmente abatido, Serra chegou e saiu sem falar com a imprensa e discursou por cerca de 10 minutos aos que o aguardavam durante quase toda a tarde.

Mesmo com o clima pesado, o tucano recebeu aplausos e gritos de apoio da militância. Agradeceu aos 2,6 milhões de votos no segundo turno, ressaltando ainda ter “disposição” para a vida pública ao mencionar que o contato com o público durante as eleições trouxe para ele novas ideias e energia. “Chego ao fim desta campanha com esta energia, com essas ideias, essa disposição, maiores de que quando entrei na campanha. Vamos em frente.”

 

 

Era uma tentativa de evitar um possível isolamento no PSDB após a derrota e combater o discurso interno cada vez mais forte pela renovação dos quadros tucanos, defendido na manhã de domingo 28 até pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. “O Serra é mais jovem do que eu e ele ainda tem a possibilidade de continuar a sua carreira, mas o partido, no geral, precisa de renovação. O momento é de mudança de gerações, mas isso também não quer dizer que os antigos líderes vão desaparecer. Eles têm apenas que empurrar os novos para frente.”

O discurso foi abraçado pelo vice-governador Guilherme Afif, do PSD de Gilberto Kassab, aliado de Serra. “Sem dúvida, Serra era o candidato com mais experiência e história, mas há uma tendência de renovação [do processo político] no Brasil. Em São Paulo, fica o recado deste processo.”

Já ensaiando uma aproximação com a gestão de Haddad, Kassab desejou sorte ao prefeito eleito e teceu elogios ao tucano. “Espero que ambos possam continuar contribuindo na vida pública, o Haddad como prefeito eleito e o Serra em outras missões, porque são muito bem preparados.”

Em torno do candidato, os militantes tucanos tentavam quebrar o clima com palavras de incentivo, desde os mais singelos, como “São Paulo é quem perdeu”, aos mais extremistas, do tipo “Somos muito melhores do que esles todos [o PT]”. Apesar disso, Serra parecia desconfortável na presença da alta cúpula tucana do estado. O governador Geraldo Alckmin, por exemplo, o abraçou protocolarmente, mas não quis discursar nem mesmo após pedidos de militantes. Andrea Matarazzo (PSDB), segundo vereador mais votado da cidade nestas eleições, por outro lado, evitou adotar o discurso da renovação de quadros. Mas afirmou que o eleitor está mais volátil. “Percebe-se que há uma mudança grande no eleitorado, no processo eleitoral.”

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