Política
Deputados bolsonaristas têm mandato suspenso na Alesp
Gil Diniz e Douglas Garcia foram suspensos após um pedido feito pelo próprio partido, o PSL. Ambos são investigados em inquérito no STF


Os deputados estaduais bolsonaristas Gil Diniz e Douglas Garcia tiveram o mandato suspenso pela presidência da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) nesta terça-feira 30.
O pedido tinha sido encaminhado em fevereiro de 2020 pelo próprio partido dos deputados, o PSL, que rompeu com diversos políticos eleitos pela sigla após a cisão entre o presidente Jair Bolsonaro e o partido. A decisão foi publicada no Diário Oficial do Estado hoje, e vem assinada pelo deputado Cauê Macris (PSDB-SP), presidente da Alesp.
Com isso, os deputados serão afastados de funções de liderança ou vice-liderança, além de não poderem orientar a bancada em nome do partido, representar a agremiação e nem participar da escolha do líder do PSL durante o período de desligamento. As restrições duram 12 meses.
Gil Diniz e Douglas Garcia também serão removidos das comissões permanentes e temporárias da Alesp, bem como do Conselho de Defesa das Prerrogativas Parlamentares.
Em maio, Douglas Garcia teve um pedido de busca e apreensão emitido pelo Supremo Tribunal Federal cumprido em seu gabinete. Edson Salomão, que é chefe de gabinete, e um assessor do deputado são investigados no inquérito conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes sobre fake news contra membros da Corte. Diniz também é investigado.
Nas redes sociais, os deputados demonstraram indignação. “Hoje fomos suspensos das nossas atividades na ALESP. O processo de suspensão que o PSL nos impôs é extremamente fraco e sem embasamento, logo hoje que estão instalando a CPI da Fake News. Existe coincidência?”, escreveu Diniz.
Garcia, por outro lado, disse que irá recorrer à Justiça. “Irei agravar, recursar, brigar até a última instância do Poder Judiciário para que a representatividade de parcela do povo paulista que votou em mim seja respeitada!”, escreveu.
Essa suspensão dos nossos mandatos na Alesp, só deixa claro o quão arcaico é nosso sistema partidário! Não recebi um único voto por pertencer ao PSL, o povo de SP me confiou o mandanto sabendo que eu seria leal aos valores defendidos pelo Presidente Bolsonaro e não a Jr Bozella. pic.twitter.com/UReFAwDRnI
— Gil Diniz (@carteiroreaca) June 30, 2020
Eu e o Deputado Gil Diniz acabamos de ser efetivamente suspensos das comissões a pedido do PSL. Na prática isso reduz sim meus poderes, como a possibilidade de obstruir projetos ruins. Já estou com um processo na Justiça há duas semanas lutando para reverter a decisão.
— Douglas Garcia (@DouglasGarcia) June 30, 2020
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.