Política

Deputado e advogado pedem investigação sobre origem do dinheiro dos atos bolsonaristas

A suspeita é de que recursos públicos, privados e estrangeiros tenham sido usados de maneira ilegal para organizar os atos antidemocráticos

Deputado e advogado pedem investigação sobre origem do dinheiro dos atos bolsonaristas
Deputado e advogado pedem investigação sobre origem do dinheiro dos atos bolsonaristas
O PRESIDENTE JAIR BOLSONARO, EM SÃO PAULO, NO 7 DE SETEMBRO. FOTO: MIGUEL SCHINCARIOL/AFP
Apoie Siga-nos no

O deputado federal Rui Falcão (PT-SP) e o advogado Marco Aurélio de Carvalho, coordenador do Grupo Prerrogativas e fundador da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia, entraram com requerimento junto ao Tribunal Superior Eleitoral na quarta-feira 8 para que a Corte apure possíveis recursos ilícitos que financiaram os atos bolsonaristas em 7 de setembro.

A suspeita é de que recursos públicos, privados e até estrangeiros tenham sido utilizados de maneira ilegal para organizar os movimentos antidemocráticos.

Segundo os peticionários, há indícios de que os valores foram utilizados não apenas nos movimentos de terça-feira, mas que também serão usados em novos atos de campanha eleitoral antecipada de Jair Bolsonaro, o que também está vedado pela lei eleitoral.

O documento aponta vídeos que circulam de forma ampla nas redes em que organizadores aparecem fornecendo camisetas, refeições e pagamentos de 100 reais em dinheiro vivo para que apoiadores participassem dos atos. Ainda de acordo com Falcão e Carvalho, há notícias de que dezenas de ônibus tenham sido fretados por empresários e ruralistas para levar bolsonaristas aos eventos, tudo realizado ‘à margem de qualquer controle ou contabilização oficial’.

“Há descontrole quanto à origem dos recursos, que advém em grande medida de fontes irremediavelmente ilícitas, bastando ver que pessoas jurídicas (como as associações ligadas ao agronegócio) são absolutamente impedidas de realizar qualquer tipo de doação eleitoral”, destacam os autores do pedido.

Para eles, há ainda outro forte indício de irregularidade pelo uso de mecanismos como paypal e sistema de pagamentos por criptomoedas, como o bitcoin. Isso “dificulta a constatação da origem dos recursos e permite, inclusive, doações de recursos de origem estrangeira”, o que seria ilegal segundo o próprio TSE.

Segundo apontam, a necessidade de investigação se dá, portanto, não apenas para constatar eventuais irregularidades na origem dos recursos financeiros, mas também para apurar atos de campanha eleitoral antecipada de Jair Bolsonaro e seus apoiadores.

“É um claro abuso de poder econômico com finalidade eleitoreira em razão do culto à personalidade de Jair Bolsonaro que ordinariamente ocorrem nesses eventos”, escrevem os peticionários.

O documento encaminhado ao tribunal pede que a investigação seja incorporada ao inquérito do corregedor-geral do tribunal, Luís Felipe Salomão, que já apura o uso de recursos públicos em ataques de Bolsonaro às urnas eletrônicas.

Leia a íntegra da petição:

Petição no Inquérito Administrativo do TSE_financiamento de atos bolsonaristas (1)

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo