O deputado goiano Amauri Ribeiro (União Brasil) é o alvo da 15ª Operação Lesa Pátria, deflagrada nesta terça-feira 29. O parlamentar, em junho, confessou ter financiado golpistas que depredaram Brasília durante um discurso na tribuna da Assembleia Legislativa. Na ocasião, desafiou as autoridades: ‘Me prendam’.
Apesar do ‘pedido’, ele não foi alvo de um mandado de prisão. Nesta terça, a Polícia Federal cumpre apenas dois mandados de busca e apreensão nos endereços do parlamentar. Um dos mandados é no gabinete do político em Goiânia e outro na sua residência, em Piracanjuba, no sul do estado.
De acordo com a PF, os fatos investigados pela operação de hoje “constituem, em tese, os crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime, destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido e crimes da lei de terrorismo.”
A operação desta terça foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal.
Relembre a declaração
No início de junho deste ano, o deputado estadual bolsonarista Amauri Ribeiro (União Brasil-GO) admitiu, no plenário da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), que financiou parte dos acampamentos golpistas de onde saíram os terroristas que destruíram as sedes dos Três Poderes no dia 8 de Janeiro.
Na tribuna, o deputado bolsonarista respondeu a uma declaração de Mauro Rubem (PT-GO), que questionou a origem dos financiamentos dos atos antidemocráticos. “O dinheiro não veio de fora”, disse ele. “Veio de gente que acredita nesta nação e que defende este país, mas não concorda com o governo corrupto e bandido.”
Amauri Ribeiro criticava, naquele momento, a prisão do ex-comandante das Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas (Rotam), Benito Franco, em abril, durante a Operação Lesa Pátria.
“A prisão do Coronel Franco é um tapa na cara de cada cidadão de bem neste estado. Foi preso sem motivo algum, sem ter feito nada. Eu também deveria estar preso. Eu ajudei a bancar quem estava lá. Pode me prender! Eu sou um bandido, eu sou um terrorista, eu sou um canalha, na visão de vocês. Eu ajudei, levei comida, levei água e dei dinheiro. Eu acompanhei lá e também fiquei na porta porque sou patriota”, afirmou o parlamentar.
Veja o vídeo (1h37m30s):
Dois dias depois, no entanto, o parlamentar mudou a postura e foi ao Supremo Tribunal Federal pedir para que Alexandre de Moraes não aceitasse um eventual pedido de prisão contra ele. Na Corte, a defesa do bolsonarista sustentou que as afirmações do deputado foram retiradas de contexto e que ele somente ajudou “os mais carentes” que estavam acampados em frente a um quartel do Exército em Goiânia.
O parlamentar não se pronunciou sobre a operação desta terça. Sua defesa e assessores também não comentaram.
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