Política
‘Vai aprender na dor’: Deputada petista recebe ameaça de morte e mensagens de cunho racista
Carol Dartora já havia sido alvo de ataques deste mesmo cunho semanas antes


A deputada federal Carol Dartora (PT-PR) foi alvo de ameaças de morte e ataques racistas recebidos por e-mail no último dia 30 – pouco mais de duas semanas após ela ter recebido uma série de outros ataques também pela internet.
A mensagem mais recente, enviada pelo endereço rayssa_oliveira_gama_fuproton.me@proton.me, traz afirmações como “O preto pode ter a classe social que for e sempre roubara as pessoas boas e de bem” (sic).
“Se você não aprende no amor, vai aprender na dor, sua macaca fodida e eu vou te matar!”, prossegue o texto, que teve cópia encaminhada pela equipe da deputada à reportagem de CartaCapital.
A mensagem contém informações como o número do gabinete da parlamentar em Brasília, e afirmações como “Me aguarde, macaca. Eu já sei a sua rotina, onde você e o seus parentes moram. Eu não tenho rosto, posso ser qualquer uma, posso até mesmo já ter contato com você”.
A ameaça chegou ao e-mail da deputada cerca de duas semanas depois de uma leva de outros ataques. Em 14 de outubro, o e-mail institucional da deputada foi inundado com nada menos que 43 mensagens com outras ameaças e ataques de teor racista.
“Essas ameaças são um ataque não só a mim, mas a todas as mulheres negras que ousam ocupar espaços de poder. Isso fala da violência política de gênero e raça que enfrentamos cotidianamente”, afirmou a deputada após os ataques do último dia 14.
A equipe jurídica do mandato anexou todo o conteúdo das mensagens a um pedido formal de investigação criminal protocolado junto ao Ministério Público Federal, ao Departamento de Polícia Legislativa da Câmara e à Polícia Federal.
Os advogados da deputada avaliam que as investigações podem se arrastar por alguns anos, especialmente pela dificuldade de identificação dos reais autores das mensagens criminosas. Os autores geralmente usam protocolos falsos de IP, códigos que permitem a localização dos dispositivos por onde foram feitos os disparos.
“A minha atuação incomoda e muito, exatamente porque desafia esse sistema racista e patriarcal, exigindo mudanças e propondo transformações. É inaceitável que uma parlamentar eleita democraticamente tenha que conviver com ameaças diárias, cotidianas”, complementou Dartora.
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