A deputada federal Dra. Soraya Manato (PSL) admitiu durante sessão realizada no plenário da Câmara, na terça-feira 15, que o partido fez uso de candidatos laranjas nas eleições de 2018. Ao pedir a palavra ao presidente Rodrigo Maia, a parlamentar afirmou que o PSL teve 15% de candidatos de fachada, nomes que entraram na eleição sem a intenção de concorrer de fato, com objetivos que podem ser irregulares, como o desvio de dinheiro de fundo eleitoral. “Aqui no PSL tiveram candidatos laranja, mas a grande maioria foi eleito honestamente”, colocou.
A declaração da deputada foi repercutida pelo perfil do jornalista George Marques.
No plenario da Câmara, a deputada @DraManato confessa candidaturas ilegais no PSL: “Então, pessoal da esquerda, não tem ninguém santo aqui, não. Tem laranja em tudo que é partido. Aqui no PSL tiveram candidatos laranja, mas a grande maioria foi eleito honestamente” 👀💰💸 pic.twitter.com/OY7qc4Bi4I
— George Marques (@GeorgMarques) October 15, 2019
Durante a fala, a deputada atacou a esquerda dizendo que não há santo dentro da Câmara. “Tem laranja em tudo que é partido”, acusou, ao citar porcentuais de laranjas em outros partidos: PT, 11%, PP, 12%, MDB 14%, PSDB 2% e PR 23%.
O PSL está ao centro da operação Guinhol, deflagrada pela Polícia Federal para investigar crimes eleitorais e associação criminosa, por requisição do Tribunal Regional Eleitoral em Pernambuco (TRE-PE). O presidente do partido, o deputado federal Luciano Bivar, foi alvo de um mandado de busca e apreensão na tarde de ontem. Em sua casa, no Jaboatão dos Guararapaes (PE) e em um apartamento na Grande Recife, foram apreendidos celulares, notebooks e pendrives.
Ao todo, foram cumpridos nove mandatos que incluíram a gráfica do partido e a sede local do PSL, no bairro de São José.
A suspeita da PF recai sobre as candidaturas femininas do partido, ao menos 30% dos valores do Fundo Partidário deveriam ser empregados nessas campanhas. Uma das candidaturas suspeitas e investigadas desde fevereiro é a de Lourdes Paixão, que recebeu 400 mil reais da direção nacional da legenda, a terceira maior verba empregada pelo partido. O dinheiro foi encaminhado à deputada federal pelo então presidente Gustavo Bebbiano, que chegou a ser nomeado ministro da Secretaria-Geral da Presidência, mas foi demitido após as primeiras reportagens acusando o PSL dos desvios.
À época, Paixão declarou que o dinheiro teria sido empregado na contratação de uma gráfica que teria confeccionado adesivos e santinhos. Em apuração do G1 no endereço informado, no entanto, foi encontrada uma oficina de funilaria, que atua no local desde março de 2018.
O presidente Bolsonaro e Bivar travam uma disputa pela cúpula do partido. O mal estar começou quando o presidente disse a um simpatizante para esquecer o partido porque Bivar estaria “queimado pra caramba”. Após tomar conhecimento da declaração, Bivar chegou a dizer que o presidente estaria afastado do partido, o que ainda não aconteceu de fato. No entanto, o advogado de Bolsonaro solicitou dados financeiros ao PSL para entender como Bivar está manejando os recursos do partido.
Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.
Já é assinante? Faça login