Política

Denúncia da PGR livra instituições militares de suspeições equivocadas, diz Múcio

Em nota, o ministro da Defesa celebrou a individualização das condutas dos fardados no documento que denunciou os golpistas ao STF

Denúncia da PGR livra instituições militares de suspeições equivocadas, diz Múcio
Denúncia da PGR livra instituições militares de suspeições equivocadas, diz Múcio
O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, afirmou que a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra Jair Bolsonaro (PL) e outras 33 pessoas por tentativa de golpe livra as Forças Armadas de “suspeições equivocadas”. A avaliação foi exposta em nota divulgada nesta quarta-feira 19.

Segundo o ministro, o documento encaminhado por Paulo Gonet ao Supremo Tribunal Federal na noite desta terça-feira 18 acerta ao individualizar a conduta dos fardados, tratando o caso sem implicar direta e institucionalmente o Exército, a Marinha e a Aeronáutica.

“O Ministério da Defesa informa que a denúncia da Procuradoria-Geral da República é importante para distinguir as condutas individuais e a das Forças Armadas”, diz a nota. “A avaliação do ministro José Mucio Monteiro é de que a apresentação da denúncia é mais um passo para se buscar a responsabilização correta, livrando as instituições militares de suspeições equivocadas”, completa o comunicado.

Dos 34 denunciados pela PGR, apenas dez não são militares.

Segundo a PGR, apesar da forte presença dos membros das Forças – incluindo generais – na organização criminosa que planejava o golpe, a ruptura democrática fracassou justamente pela falta de apoio dos comandantes do Exército e da Aeronáutica naquela ocasião. As duas tropas eram comandadas pelo general Freire Gomes e o tenente-brigadeiro Baptista Júnior, respectivamente.

“A organização criminosa seguiu todos os passos necessários para depor o governo legitimamente eleito, objetivo que, buscado com todo o empenho e realizações de atos concretos em seu benefício, não se concretizou por circunstância que as atividades dos denunciados não conseguiram superar — a resistência dos Comandantes do Exército e da Aeronáutica às medidas de exceção”, conclui a PGR na denúncia.

A Marinha, como se vê, teria desgarrado do grupo e, sob o comando do almirante Almir Garnier, teria disponibilizado tropas para a empreitada bolsonarista. Garnier foi um dos militares do alto escalão das Forças Armadas denunciado pela PGR nesta terça-feira.

Veja a lista dos 24 militares denunciados pela PGR por tentativa de golpe:

    1. Ailton Gonçalves Moraes Barros, capitão reformado do Exército;
    2. Almir Garnier Santos, almirante da reserva e ex-comandante da Marinha;
    3. Angelo Martins Denicoli, major da reserva do Exército e ex-assessor do ministro da Saúde de Bolsonaro, Eduardo Pazuello;
    4. Augusto Heleno Ribeiro Pereira, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional e general da reserva do Exército;
    5. Bernardo Romão Correa Netto, coronel do Exército;
    6. Cleverson Ney Magalhães, coronel da reserva do Exército e ex-oficial do Comando de Operações Terrestres;
    7. Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira, general da reserva e ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército;
    8. Fabrício Moreira de Bastos, coronel do Exército;
    9. Giancarlo Gomes Rodrigues, subtenente do Exército;
    10. Guilherme Marques de Almeida, tenente-coronel e ex-chefe do Batalhão de Operações Psicológicas do Exército;
    11. Hélio Ferreira Lima, tenente-coronel do Exército;
    12. Jair Messias Bolsonaro, ex-presidente da República e capitão reformado do Exército;
    13. Marcelo Costa Câmara, coronel da reserva e ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro;
    14. Márcio Nunes de Resende Júnior, coronel do Exército;
    15. Mario Fernandes, ex-número 2 da Secretaria-Geral da Presidência e general da reserva;
    16. Mauro Cesar Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, tenente-coronel do Exército;
    17. Nilton Diniz Rodrigues, general do Exército;
    18. Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ex-ministro da Defesa, general da reserva e ex-comandante do Exército;
    19. Rafael Martins de Oliveira, tenente-coronel do Exército;
    20. Reginaldo Vieira de Abreu, coronel da reserva do Exército;
    21. Rodrigo Bezerra de Azevedo, tenente-coronel do Exército;
    22. Ronald Ferreira de Araujo Junior, tenente-coronel do Exército;
    23. Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros, tenente-coronel do Exército;
    24. Walter Souza Braga Netto, general, ex-ministro da Defesa e candidato a vice de Bolsonaro em 2022.

Manifestação isolada

A nota lançada pelo Ministério da Defesa é uma das poucas manifestações públicas vindas do governo Lula (PT) sobre a denuncia apresentada nesta terça-feira. O próprio presidente foi questionado por jornalistas em Brasília logo após a divulgação do material, mas evitou tratar do assunto.

“Eu tenho que atender o primeiro-ministro de Portugal”, disse Lula a jornalistas ao ser perguntado sobre o documento.

Outros ministros do governo também foram questionados sobre o tema nos arredores do evento com o líder europeu e, assim como o presidente, evitaram falar do assunto.

Nas redes, o silêncio também tem imperado entre os membros da Esplanada desde que a denúncia foi oficializada.

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