Política

Deltan diz que Moro é vítima de ‘perseguição’ de procurador no caso Alvarez & Marsal

O ex-procurador-chefe da Lava Jato classificou o pedido de bloqueio de bens como ‘vergonhoso’ e ‘absurdo’

Deltan apresenta a denúncia contra Lula em 2016. Foto: Reprodução
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O ex-procurador-chefe da Lava Jato Deltan Dallagol criticou o subprocurador-geral do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas, Lucas Rocha Furtado, após o pedido de bloqueio de bens do ex-juiz Sergio Moro por suposta sonegação de impostos no âmbito de seu contrato com a Alvarez & Marsal.

Em vídeo publicado nas redes sociais, Dallagnol classificou o bloqueio como “vergonhoso”, “absurdo” e uma “forçação de barra”.

“O Tribunal de Contas da União nem atua em sonegação fiscal. Quem atua é a Receita Federal. E, mesmo quando a Receita Federal atua, ela não sai bloqueando bens, ela faz uma fiscalização e, se ela chegar a uma conclusão de que existe uma sonegação, e se houver algum risco de não pagamento, aí, sim, ela vai pedir o bloqueio”, alegou.

Para o ex-coordenador da força-tarefa em Curitiba (PR), o que está acontecendo é uma “perseguição ao combate à corrupção, à Lava Jato”.

Furtado pediu nesta sexta-feira 4 a “indisponibilidade dos bens” de Moro, como parte da investigação sobre o acordo firmado entre o ex-magistrado da Lava Jato e a consultoria americana. A demanda foi encaminhada ao secretário especial da Receita Federal do Brasil, Julio Cesar Vieira Gomes, e ao ministro Bruno Dantas, do TCU.

Segundo o subprocurador-geral, novas informações apontam “risco da inviabilização do ressarcimento e do recolhimento de tributos aos cofres públicos”, ou seja, sonegação de impostos ao Brasil.

Em nota, Moro disse que recebeu a notícia do pedido de Rocha Furtado com “perplexidade”.

“Minha vida pública e privada é marcada pela luta contra a corrupção e pela integridade, nada tenho a esconder. Fica evidenciado o abuso de poder perpetrado por este Procurador do TCU”, alegou o ex-ministro de Jair Bolsonaro.

Na semana passada, Moro declarou que “não enriqueceu” ao trabalhar para a Alvarez & Marsal. Admitiu, porém, ter embolsado o equivalente a cerca de 3,7 milhões de reais, conforme cotação atualizada do dólar.

A empresa obteve no mínimo 42,5 milhões de reais de companhias investigadas pela Lava Jato:

  • 1 milhão por mês da Odebrecht e da Atvos (antiga Odebrecht Agroindustrial);
  •  150 mil da Galvão Engenharia;
  • 115 mil do Estaleiro Enseada (que tem como sócias Odebrecht, OAS e UTC);
  • e 97 mil da OAS.

Em dezembro, Lucas Rocha Furtado manifestou a intenção de compreender os termos da atuação do ex-juiz, sob suspeita de ter recebido para fornecer informações privilegiadas à consultoria. Moro, como magistrado, julgou e condenou executivos da Odebrecht, cliente da Alvarez & Marsal no processo de recuperação judicial. O ex-ministro de Bolsonaro está na mira da Corte por um suposto conflito de interesses.

Moro, contratado pela consultoria em 2020, foi anunciado pela própria empresa como sócio-diretor de Disputas e Investigações. Poucos meses depois, conforme manifestação do escritório ao TCU, ele foi “rebaixado” a “consultor”. Em outubro de 2021, para Moro se dedicar à pré-campanha pelo Podemos à Presidência, o contrato foi rescindido.

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