Política

Delação de marqueteiros amplia pressão contra Lula, Dilma e o PT

Ministro Edson Fachin, do STF, decidiu retirar o sigilo dos depoimentos um dia após o interrogatório de Lula

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Menos de 24 horas depois do depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao juiz Sérgio Moro, o ministro Luiz Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, decidiu retirar o sigilo das delações do casal de marqueteiros João Santana e Mônica Moura.

Os documentos dos publicitários, que comandaram as principais campanhas do PT nos últimos anos, trazem inúmeras e duras acusações contra Lula e contra a ex-presidenta Dilma Rousseff, aumentando a pressão contra o PT.

Em anexo de sua delação premiada, uma espécie de relato do que o delator pretende dizer ao Judiciário, o marqueteiro fez a acusação de que Lula e Dilma sabiam sobre pagamentos oficiais e de caixa 2 em troca de serviços prestados durante campanhas eleitorais.

“Apesar de nunca ter participado de discussões finais de preços ou contratos – tarefa de Monica Moura – João Santana participou dos encaminhamentos iniciais e decisivos com Antonio Palocci. Nestes encontros ficou claro que Lula sabia de todos os detalhes, de todos os pagamentos por fora recebidos pela Pólis, porque Antonio Palocci, então Ministro da Fazenda, sempre alegava que as decisões definitivas dependiam da “palavra final do chefe”, diz trecho do documento da delação premiada de Santana.

Santana disse ter participado de encontros com Palocci nos quais disse ter ficado claro que Lula sabia de todos os detalhes, de todos os pagamentos por fora recebidos pela Pólis, empresa de Santana.

Segundo João Santana, em momentos críticos de inadimplência durante as campanhas, era ele quem dava o “alerta vermelho”, ameaçando com a interrupção dos trabalhos. Em uma dessas ocasiões, na campanha de Lula à reeleição em 2006, o ex-presidente acionou o ex-ministro Antonio Palocci, que “colocou a empresa Odebrecht no circuito”.

Campanha de Dilma

Santana fala ainda que Dilma “infelizmente” sabia do uso de recursos não contabilizados em sua campanha e se sentia “chantageada” pelo empreiteiro Marcelo Odebrecht.

Já Mônica Moura disse ao TSE que participou de uma reunião no primeiro semestre de 2014 com o então ministro da Fazenda, Guido Mantega, na qual foi acertado que parte do pagamento do marketing político da campanha da ex-presidente Dilma Rousseff à Presidência da República seria feita via caixa 2.

Consta ainda na delação que em meados de 2014, em uma das reuniões periódicas que mantinha com Dilma no Palácio do Alvorada, foi dito pela então Presidente da República a João Santana que ele não precisaria se preocupar com os pagamentos das dívidas passadas e os pagamentos referentes à campanha de reeleição. Segundo Dilma, os assuntos passariam a ser tratados por Guido Mantega, que sucedeu Palocci na Fazenda. Mesmo assim, as dívidas não teriam sido pagas.

Por volta de outubro de 2014, com o avanço das investigações da Lava Jato, Dilma mencionou para João Santana que Marcelo  Odebrecht estava mandando recados de que teria financiado suas campanhas mediante pagamentos para João Santana no exterior. Os recados foram passados para que Dilma buscasse frear a Operação Lava Jato. Dilma perguntou se o recebimentos foram feitos de “forma segura”, ao que Santana disse que sim, já que tais contas não estavam em seu nome.

Foi nessa época que Mônica recebeu uma ligação de Edinho Silva informando que Dilma gostaria de conversar pessoalmente com ela. Nessa reunião foi acercada a sistemática de comunicação via e-mail. Dilma então enviou um e-mail à Mônica, em mensagem cifrada, informando que havia mandado de prisão expedido contra ela e Santana.

Segundo Mônica, Dilma acertou com ela, durante encontro no Palácio da Alvorada, residência oficial da então presidente, a criação de um e-mail fictício para que o casal fosse avisado sobre o andamento das investigações. Dilma manifestou preocupação com a possibilidade de a Lava Jato rastrear pagamentos de caixa dois feitos a João Santana na Suíça por sua atuação na campanha eleitoral do PT.

O e-mail foi criado no notebook da presidente, durante esse encontro na biblioteca do Palácio da Alvorada, com um nome e senha fictícios, de conhecimento apenas de Mônica, Dilma e um assessor da presidente. Em seu depoimento, Mônica disse que a estratégia consistia em deixar as mensagens salvas no rascunho do e-mail. Dessa forma a outra parte conseguia acessar o conteúdo da mensagem sem que ela precisasse ser enviada.

 

 

 

 

 

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