Política
Defesa de Bolsonaro acompanha depoimento de Cid e minimiza trama golpista em celular
A CPMI do 8 de Janeiro ouve o militar após aprovar a sua quebra de sigilo
Advogado de Jair Bolsonaro (PL) e ex-assessor, Fábio Wajngarten compareceu ao Senado para prestar apoio a Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente e depoente desta terça-feira 11 na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito sobre os atos de 8 de Janeiro.
Para defender o tenente-coronel, Wajngarten sustentou que “não há o que temer” no celular de Cid e argumentou que o militar não apagou mensagens e deixou o aparelho à disposição.
Segundo ele, Cid era o “bom dia e boa noite” de Bolsonaro.
“Quem conhece o tenente-coronel Mauro Cid não poderia ter um comportamento diferente. O tenente-coronel era a porta de entrada de quem queria falar com o presidente”, declarou. “O telefone dele era o muro das lamentações de todas as demandas para o presidente da República. Mais natural que tenha toda a conversa, de todos os tipos, de todos os temas.”
Cid está preso desde maio por suspeitas de fraude em cartões de vacinação e é alvo de oito inquéritos, um deles sobre os ataques golpistas de 8 de Janeiro.
O militar foi chamado à CPMI por ter conversado virtualmente com o coronel Jean Lawand Júnior sobre a aplicação de um golpe de Estado. Os diálogos foram descobertos pela Polícia Federal.
O gesto da defesa de Bolsonaro de comparecer à CPMI ocorre em meio à interpretação de governistas de que o ex-presidente teria abandonado Cid, com base em uma ocasião em que o ex-capitão disse “que cada um siga a sua vida” ao se referir ao militar preso.
Antes do depoimento, a CPMI aprovou um requerimento que prevê a quebra de sigilo de Cid.
Ao lado de Wajngarten, estavam o advogado Paulo Amador Bueno, que também atua na defesa de Bolsonaro, e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Intimado a aparecer na Polícia Federal nesta quarta-feira 12, Bolsonaro terá um depoimento “simples”, afirmou Amador Bueno.
“O presidente não tem qualquer envolvimento com qualquer tipo de conspiração”, afirmou o advogado. “A gente não tem qualquer preocupação com qualquer indagação que venha a ser feita amanhã.”
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