Política
Debate entre Nunes e Boulos é marcado por trocas de acusações e questões sobre segurança pública
Os candidatos se enfrentaram pela segunda vez no segundo turno neste sábado


O segundo debate do segundo turno entre os candidatos a prefeito de São Paulo, realizado pela Record TV e pelo jornal Estadão na noite deste sábado 19, foi marcado por troca de acusações entre Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) sobre o apagão e segurança pública.
Logo no começo do debate, Nunes sugeriu que Boulos seria contra a Polícia Militar. Boulos então rebateu: “O modelo de polícia que eu defendo é de polícia armada, um modelo que dá certo na Europa. Uma polícia que é dura com o crime, mas que trata os cidadãos de maneira igual. Aí é que está a nossa diferença, Ricardo”, disse.
Questionado sobre a segurança no centro da cidade, Nunes chegou a dizer que viu crianças brincando na Praça da Sé às 22h e acusou o PSOL de votar contra medidas de segurança. Boulos ironizou: “Vocês viram que ele não fica nem vermelho? Crianças brincando às 22h na Sé, a população sorrindo, andando com seus celulares na mão”, disse.
O atual prefeito destacou a parceria com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que é seu apoiador, e afirmou que o seu governo está tendo “tolerância zero” com a criminalidade. Já Boulos voltou a dizer que vai dobrar o efetivo da Guarda Civil Metropolitana.
O candidato do PSOL também voltou a mencionar o fato de Eduardo Olivatto, chefe de gabinete da secretaria de obras, ser ex-cunhado de Marcola, chefe da facção PCC.
Apagão volta a ser tema no debate
O apagão da última semana, que deixou mais de 2 milhões de pessoas na capital paulista sem luz, também voltou a ser tema do debate. Enquanto Nunes acusa o governo Lula (PT) de omissão no caso, Boulos afirma que a Enel seria a “mãe” do apagão e Nunes o “pai”.
“O pai do apagão está aqui do meu lado: Nunes, que é o Ricardo, que não fez o básico, a poda e o manejo de árvores, sobretudo a remoção”, disse Boulos.
“Aqui a gente não quer jogar a culpa para ninguém. Eu quero ver as pessoas com os seus problemas resolvidos, é por isso que eu fui à Justiça contra a Enel”, afirmou Nunes.
Questionado sobre se, com a privatização da Sabesp, os paulistanos poderiam passar a ter problemas com o abastecimento de água, Nunes defendeu a venda da estatal. “É uma privatização em que a regulação está aqui, na cidade. O contrato está rígido e vai ser um avanço para a cidade”, disse.
Em seguida, Boulos afirmou que a Sabesp poderia virar uma “Enel da água”. A privatização da empresa, uma das principais bandeiras do governador Tarcísio, foi concluída em julho deste ano.
O que dizem as pesquisas
Enquanto a reta final da campanha se aproxima, o psolista tenta virar a preferência do eleitorado a seu favor, já que Nunes segue à frente nas intenções de voto para a prefeitura de São Paulo, segundo uma pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira 17.
Nunes registra 51%, contra 33% de Boulos. Brancos e nulos são 14%, enquanto 2% não sabem ou não responderam. Outro obstáculo para Boulos é a rejeição: 56% dos eleitores não votariam no psolista (eram 58% na semana passada). No caso de Nunes, o índice é de 35% (eram 37%).
O segundo turno ocorrerá em 27 de outubro. Até lá, Boulos tentará reeditar a eleição de 2012, quando houve a única virada entre turnos na capital paulista: naquela ocasião, Fernando Haddad (PT) conseguiu reverter a desvantagem para José Serra (PSDB) e vencer o pleito. O contexto, porém, é distinto e apresenta novos obstáculos, conforme demonstrou CartaCapital.
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