De olho no espólio, Caiado e Tarcísio exaltam Bolsonaro como ‘maior líder do Brasil’

O governador de São Paulo, contudo, foi mais direto ao falar sobre polarização e tentou se apresentar como um candidato de centro-direita

Os governadores Ronaldo Caiado e Tarcísio de Freitas em evento do Esfera Brasil, em São Paulo, em 22 de abril de 2024. Foto: Ciete Silverio/Esfera

Apoie Siga-nos no

De olho na eleição de 2026 e nas seguintes, os governadores Ronaldo Caiado (União), de Goiás, e Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, exaltaram nesta segunda-feira 22 o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas seguiram caminhos diferentes ao analisar a polarização no Brasil.

Durante o seminário Brasil Hoje, promovido pelo grupo Esfera Brasil na capital paulista, a dupla descreveu Bolsonaro como a principal liderança política do país e foram convidados a sugerir estratégias para amenizar o persistente clima de tensão.

Caiado destacou nunca ter visto um político com a capacidade de mobilização igual a de Bolsonaro, enquanto Tarcísio chamou o ex-capitão de ‘um fenômeno’. Enquanto isso, o goiano aproveitou para valorizar sua trajetória, buscando fortalecer sua posição perante uma audiência nacional. Por outro lado, o governador paulista – que é nascido e criado no Rio de Janeiro – fez um movimento mais amplo e tentou, sem grande ênfase, se inserir na centro-direita.

“O pêndulo [da polarização] pende para um lado, pende para o outro e acaba se acomodando. O Brasil tem muita resiliência, força, potência, tanto que resiste a esses governos ruins”, disse Tarcísio. “A gente tem hoje uma centro-direita muito mais preparada, que aprendeu com os erros, capaz de direcionar o Brasil, apontar a direção correta e colocar o País em um caminho de prosperidade.”

Tarcísio foi mais enfático ao defender a necessidade de romper a polarização. Usou essa premissa, contudo, para alfinetar também o Supremo Tribunal Federal, alvo preferencial dos bolsonaristas: segundo ele, o Judiciário – a Corte, em especial – “tem de começar a ser razoável”.

“A gente não pode mais conviver com a pressão que existe”, reforçou o ex-ministro, sem apresentar exemplos concretos. “Se todo mundo não fizer sua parte, a gente não vai sair da polarização.”


Caiado, por sua vez, optou por atacar o governo Lula (PT). Segundo ele, seria possível jogar água na fervura se o petista “resolvesse se preocupar apenas com o País” e “olhar para frente”.

Com Jair Bolsonaro inelegível na próxima disputa nacional, Caiado, em seu segundo mandato de governador, se manifesta abertamente como um pré-candidato à Presidência e tenta amealhar o espólio do ex-presidente. Tarcísio, por sua vez, pode buscar mais quatro anos no Palácio dos Bandeirantes, como defende seu secretário de Governo, Gilberto Kassab (PSD).

Quando – e se – Bolsonaro autorizar seus seguidores a buscarem um novo candidato, a corrida pela simpatia da extrema-direita, com ou sem o manto da “centro-direita”, afunilará uma extensa relação de nomes, de Caiado e Tarcísio a Michelle Bolsonaro, Ratinho Júnior, Romeu Zema e Tereza Cristina.

Leia também

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

1 comentário

Ademar Portela 23 de abril de 2024 18h29
De Caiado e Tarcísio a Michelle Bolsonaro, Ratinho Júnior, Romeu Zema e Tereza Cristina. Meu Deus, nosso país não merece qualquer dessas figuras abomináveis no poder! É o fim dos tempos...

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.