Política

Datafolha: cresce o percentual de eleitores de SP que associa Bolsonaro a Nunes; Marçal ainda confunde 14%

Ex-capitão mudou de postura e ampliou, em certa medida, a sua participação na campanha do atual prefeito para conter o avanço do ex-coach entre os seus seguidores

Datafolha: cresce o percentual de eleitores de SP que associa Bolsonaro a Nunes; Marçal ainda confunde 14%
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Foto: Paulo Guereta / Prefeitura de São Paulo
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Os embates entre os candidatos à prefeitura de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) e Pablo Marçal (PRTB), revelam uma disputa pelo poder que vai além da gestão da maior cidade do país. Sob pano de fundo, está a busca por saber quem acolhe melhor o eleitor bolsonarista. 

Apesar de Nunes ser o candidato apoiado oficialmente pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Marçal, com um discurso histriônico, segue fazendo o que pode para atrair para a sua campanha os simpatizantes do bolsonarismo. Contraditório, chegou a fazer, ao mesmo tempo, apelos públicos a Bolsonaro e, em seguida, trocar farpas com o ex-presidente. 

Ao menos do ponto de vista do eleitorado, porém, a confusão causada pela postura do ex-coach começou a ser desfeita. Agora, quem vem vencendo a disputa pela parcela bolsonarista é Nunes, segundo a mais recente pesquisa Datafolha, divulgada nesta sexta-feira 27. O levantamento indica que aumentou o percentual de eleitores paulistanos que associa Bolsonaro ao atual prefeito da capital paulista, em detrimento de Marçal.

O instituto perguntou aos entrevistados quem Bolsonaro está apoiando na eleição paulistana e 49% responderam (corretamente) que o apoio é dado a Nunes. Há duas semanas, o percentual era de 44%. Em maio, quando a campanha oficial ainda não tinha começado, o índice não passava dos 26%.

Marçal, por sua vez, vem sentido o efeito contrário. No início do mês, 19% do eleitorado associava erroneamente Bolsonaro ao ex-coach. A confusão agora atinge apenas 14%.

O Datafolha também mostrou que 29% não sabem quem Bolsonaro apoia na eleição de São Paulo. Outros 2% cravaram que ele apoia José Luiz Datena (PSDB), mesmo patamar dos que apontaram que o ex-presidente apoia Guilherme Boulos (PSOL). Tabata Amaral (PSB) foi apontada como a preferida de Bolsonaro por 1% do público entrevistado.

Participação de Bolsonaro na campanha

Não que o crescimento da associação entre Nunes e Bolsonaro seja fruto de um movimento construído apenas pelo candidato de São Paulo. O ex-presidente até é uma figura presente na campanha, mas foi alternando, nas últimas semanas, entre o distanciamento e a postura mais proativa.

Em agosto, por exemplo, Bolsonaro chegou a dizer que Nunes, apesar de ser o seu candidato, não era a candidatura “dos sonhos”. Em entrevista, o ex-presidente chegou até a fazer elogios a Marçal, dizendo que ele falava “muito bem”, era “uma pessoa inteligente” e que tinha “suas virtudes”.

O contexto, claro, era outro. Há pouco mais de um mês, Marçal escalava com vigor nas pesquisas de intenção de voto. Segundo o mesmo Datafolha, o ex-coach chegou a ter 29% de intenções de voto entre os eleitores de Bolsonaro em 2022, enquanto Nunes, mesmo com 38%, via a sua preferência cair frente a esse eleitorado.

De lá para cá, a maré da campanha de Marçal começou a serenar por consequência das atitudes do próprio candidato. Provocações excessivas e acusações das mais diferentes características contra os outros candidatos fizeram a rejeição de Marçal disparar. Ele é, atualmente, o candidato com maior índice de rejeição em SP. 

Bolsonaro viu o movimento e se adaptou ao contexto. Além disso, vê em uma eventual derrocada da campanha de Marçal a reafirmação da sua própria liderança no campo da extrema-direita.

Na semana passada, por exemplo, o ex-capitão criticou Marçal e indicou que “entendia” a atitude de Datena de agredir o influenciador com uma cadeirada, durante o debate realizado pela TV Cultura.

Antes, no 7 de Setembro, Bolsonaro já tinha se desentendido com Marçal, dizendo que o candidato tentou “fazer palanque às custas dos outros“, durante ato realizado na Avenida Paulista.

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