Mudanças a vista na Prefeitura. Covas exonerou Alexandre Schneider, da Educação, e outros quatro secretários. A pasta foi entregue ao ex-tucano João Cury Neto, secretário estadual da Educação na gestão de Márcio França (PSB) e amigo de longa data do prefeito.
Cury foi expulso do PSDB quando aceitou o cargo no governo do adversário de João Doria.
Tido como bom gestor até por opositores, Schneider colecionava rusgas com a prefeitura, desde que criticou a polêmica farinata, ainda na gestão Doria. Ao comentar a saída, o ex-secretário rechaçou o discurso de ‘herança maldita’ e anunciou que vai deixar a vida pública.
Apesar disso, fontes próximas ao Palácio dizem que a troca desagradou o governador. Persona non grata no tucanato, mas não só, Cury Neto é o pivô do primeiro abacaxi que Doria terá que descascar no governo: falta de professores e material escolar para o início das aulas.
Na quarta 8, Doria usou o Twitter para reclamar da falta de contratos de compra dos kits escolares para 2,6 milhões de alunos da rede estadual. De acordo com o novo secretário Rossieli Soares, só o material da capital está garantido; Cury afirma que os atrasos são pontuais.
Ele também atribuiu a Cury e França o risco de um apagão no corpo docente estadual. “Cerca de 60 mil alunos correm o risco de não terem aula pela falta de professor. Fruto da falta de planejamento da gestão que nos antecedeu”, escreveu o tucano no Twitter.
O governo recorreu ao Supremo para contornar uma decisão do TJ-SP que barrou a contratação de professores temporários.
Um membro do alto tucanato ouvido pela reportagem vê tons de vendeta na escolha de Covas. Há um mês, Doria nomeou para a presidência da Cetesb a professora Patricia Iglecias, que substituiu Covas no comando da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, em 2015. À época, dezenas de funcionários dele foram dispensados.
Dança das cadeiras
Tanto Doria quanto Covas costuram alianças para garantir sustentação diária ao governo, mas de olho nas próximas eleições. Em coletiva, o prefeito admitiu que o objetivo, além de garantir cumprimento de metas, era ‘consolidar apoio’ à gestão
A mudança é vista principalmente como um cortejo a Márcio França, seu adversário virtual na disputa pela prefeitura em 2020. “Nós temos um candidato fortíssimo. Já o Bruno nem sabe ainda se será apoiado pelo Doria” avalia o vereador Camilo Cristófaro (PSB).
França diz ver com bons olhos a indicação de Cury Neto. “Sempre acho positivo quando se escolhe alguém que respeito e admiro”, declarou a CartaCapital.
A mudança também abre espaço para o PRB, partido ligado à Igreja Universal que cuidará de Habitação.
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