Política
Damares justifica abuso de meninas por falta de calcinhas
Como solução, a ministra pretende levar uma fábrica de calcinhas para a Ilha de Marajó
Acabou o jejum de declarações polêmicas de Damares Alves. Nesta quarta-feira 24, a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos justificou o abuso sofrido pelas meninas da Ilha de Marajó, no Pará, por falta de calcinhas. A declaração foi feita durante um evento no Palácio do Planalto, no qual a ministra mostrou os resultados do programa Abrace o Marajó.
“Especialistas chegaram a falar para nós que as meninas lá são exploradas porque elas não têm calcinhas, elas não usam calcinha porque são pobres”, disse a ministra ao comentar o alto índice de estupro na região.
A incapacidade da Damares Alves de compreender o mínimo é assustador. Achar que os abusos/estupros acontecem porque as meninas NÃO TEM CALCINHA é terrível vindo de quem deveria propor políticas públicas de enfrentamento a esta violência.
Solução: enviar calcinhas para o Marajó. pic.twitter.com/0vV5UJOCxR
— William De Lucca (@delucca) 25 de julho de 2019
O programa tem o intuito de combater a exploração sexual e violência contra crianças, adolescentes, juventude, mulheres e pessoa idosa na Ilha do Marajó, arquipélago paraense.
A ministra disse que o ministério conseguiu muitas doações de roupas íntimas para mandar para a região e ressaltou que a melhor forma de combater o crime seria levar fábricas de calcinhas para lá para dar emprego e produzir as peças a preço mais baixo.
Damares também citou o alto número de abusos da região, do tráfico sexual de crianças e os incestos – sexo entre familiares. “Pedofilia e exploração não é cultura. Eles pediram socorro e esse ministério ouviu”, anunciou a ministra.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.



