Política

Com nova repressão a servidores, pacote fiscal é aprovado em Curitiba

O projeto encaminhado pelo prefeito Rafael Greca foi acolhido em primeira discussão por 25 votos favoráveis e 9 contrários

Policiais e servidores entraram em confronto logo pela manhã na capital paranaense
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Uma verdadeira operação de guerra marcou a votação, em primeiro turno, das medidas de ajuste fiscal enviadas pelo prefeito de Curitiba, Rafael Greca (PMN), à Câmara de Vereadores.  O inusitado é que a sessão foi transferida, em caráter de urgência, da sede do Legislativo municipal para a Ópera de Arame, um teatro localizado a cerca de 10 km do centro de Curitiba.

A decisão foi tomada na sexta-feira à noite, em reunião extraordinária, por sugestão da secretaria de Segurança Pública do Paraná. Foi aprovada por 27 votos favoráveis e nove contrários.

Desde às 18h de domingo, tropas da Policia Militar começaram a cercar ruas que dão acesso ao local. Nas primeiras horas da manhã de segunda-feira, era difícil o trânsito de veículos e o acesso de pessoas ao bairro Abranches.

O comando da PM não divulgou o número de policiais, mas o contingente, segundo os organizadores da manifestação, era de 4 mil homens. A votação transcorreu sob um clima de intensa apreensão. Policiais e servidores entraram em confronto logo pela manhã. Os militares deferiram golpes de cassetetes, bombas de gás e sprays de pimenta. Um helicóptero da PM deu rasantes sobre a multidão. O resultado foi 10 servidores e 14 policiais feridos. Os manifestantes foram encaminhados aos hospitais da cidade.

Na terça-feira 20, uma manifestação dos servidores municipais também havia terminado com violência policial. Na ocasião, houve uma invasão ao prédio da Câmara dos Vereadores.

Amanhã, a votação do pacote deve repetir o mesmo placar. Dentre as medidas estão a retirada de R$ 600 milhões do caixa do Instituto de Previdência de Curitiba para o pagamento de contas da prefeitura, o aumento da contribuição previdenciária de 11% para 14% e a suspensão do Plano de Cargos e Salários dos servidores municipais.

Para o professor Wagner Argenton, dirigente do Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal de Curitiba – SISMMAC, a aprovação das medidas causa uma enorme indignação tanto nos servidores como na sociedade curitibana. “Greca é o monarca da República de Curitiba. Autoritário, prepotente, se negou a discutir com os servidores e impôs sua vontade” afirmou.

Ainda segundo Argenton, em março, quando os professores paralisaram suas atividades em protesto ao que já se previa, Greca foi questionado sobre sua decisão monocrática de enviar um projeto ao Legislativo sem discutir com os servidores. “Ele simplesmente se negou a discutir. Transferiu o ônus para os vereadores. Hoje, impôs sua vontade com o auxílio da força policial e da violência”.

Após o encerramento da sessão legislativa, um grupo de aproximadamente 40 pessoas seguiu até a Prefeitura para tentar ser recebido pelo prefeito. A comissão queria conversar com Greca, mas foi em vão. Em assembleia, os dois principais sindicatos da classe, SIMUC e SISMMAC, decidiram pela manutenção da greve. 

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