Política

Curitiba: Fruet chega fortalecido ao 2º turno e Ratinho Júnior luta contra o ‘efeito Russomanno’

Fruet sobreviveu ao tiroteio político contra Luciano Ducci e agora enfrenta Ratinho Júnior, que precisa provar a consistência de sua candidatura

Ratinho Junior tinha pouco mais de três minutos no horário eleitoral e agora terá dez minutos. Desafio é ser consistente. Foto: Divulgação
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O resultado das eleições municipais em Curitiba foi um dos mais surpreendentes das capitais brasileiras. Se por um lado a votação de Ratinho Júnior (PSC) confirmou o primeiro lugar que ele tinha nas pesquisas, por outro a segunda colocação de Gustavo Fruet (PDT) mostrou que sua candidatura era mais forte do que sugeriam os levantamentos. No segundo turno, o pedetista chega com força por conta de sua arrancada final, enquanto Ratinho precisará provar a consistência de sua candidatura para conseguir se eleger.

Os 34,09% de votos válidos para Ratinho Júnior são resultado, principalmente, de uma campanha de conteúdo superficial e alto engajamento moral. Com essa base, o deputado, filho do apresentador do SBT, conseguiu se firmar como uma alternativa ante a polarização entre o atual prefeito, Luciano Ducci (PSB), e Fruet. “O um eleitorado de Ratinho Júnior é, em sua maioria, de baixa escolaridade e renda que foi atraído pela comunicação simples da campanha e pela grande insatisfação com a atual gestão”, diz Ricardo Oliveira, cientista político da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

A estratégia de Ratinho funcionou pois, ao contrário do que ocorreu com Celso Russomanno (PRB) em São Paulo, o candidato do PSC praticamente não foi atacado por seus adversários. “Tanto o candidato do PSB quanto o do PDT protagonizaram uma disputa interna que blindou Ratinho Júnior e o fez despontar na preferência do eleitor”, diz Oliveira. De acordo com o cientista político, o caso de Russomanno, que esteve liderança das pesquisas até o final de setembro e não conseguiu ir ao segundo turno, deve servir de exemplo para Ratinho Júnior, que precisará saber reagir ao tiroteio político. No segundo turno, ao contrário do que ocorreu no primeiro, Ratinho terá muito tempo de tevê e terá de mostrar propostas que convençam o eleitor. “Agora, o desafio é saber como Ratinho Júnior irá lidar com mais tempo de televisão para apresentar suas propostas e como reagirá ao tiroteio político e de críticas que, até o momento, esteve imune”, afirma o professor da UFPR.

A preparação de Ratinho será fundamental pois ele enfrentará um candidato muito fortalecido no segundo turno. A briga entre Fruet e Ducci foi travada até o último assalto. Somente nas urnas foi possível ter uma definição sobre quem iria para o segundo turno, e com uma diferença apertada, de pouco mais de 4,4 mil votos, Fruet conseguiu avançar. A ida ao segundo turno parecia muito difícil. Fruet largou com boas intenções de voto e chegou a estar empatado com Ducci. Quando os ataques de Ducci começaram, Fruet despencou nas pesquisas de setembro e alcançou se menor índice, 16%. Foi apenas em outubro que o candidato do PDT voltou a ascender nas pesquisas.

Os altos e baixos da campanha de Fruet devem-se, para Ricardo Oliveira, à estranha relação que o candidato mantinha com o PT. Deputado do PSDB, um dos mais combativos durante o escândalo do “mensalão”, Fruet deixou o PSDB em julho de 2011 após não conseguir espaço na legenda comandada pelo governador Beto Richa. Fruet, então, migrou para o PDT, partido da base aliada ao governo Dilma Rousseff, e logo foi lançado a uma aliança insólita que poucos, tanto no PT como no PSDB, pareciam dispostos a engolir. Tinha a seu lado a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, nome forte do governo Dilma. Ainda assim a tarefa não parecia fácil. A atuação de Fruet contra o PT ainda incomodava os petistas e causava confusão no eleitorado do candidato. Ao longo da campanha, uma reportagem do jornal Gazeta do Povo, o mais importante do Paraná, chegou a mostrar que apenas 20% dos eleitores que identificam o PT como partido preferido iriam votar no ex-tucano. Foi preciso Fruet entrar de forma profunda na campanha para subir. “Fruet só retomou o crescimento partir da metade de setembro, quando aceitou e incorporou em definitivo o PT e a imagem de Lula e Dilma junto à campanha”, argumenta Ricardo Oliveira. Com a virada sobre Luciano Ducci, na reta final do primeiro turno, Fruet chega mais fortalecido para a disputa. “Foi uma vitória moral, que mostra que o Freut venceu o fogo cruzado protagonizado no primeiro turno”, diz.

Apoios no segundo turno

No segundo turno, Ratinho e Fruet vão em busca de apoios dos partidos já fora da disputa. Por enquanto, as alianças seguem indefinidas.

O peemedebista Rafael Greca (PMDB) foi o quarto candidato mais votado, com 10,45% dos votos e, teoricamente, deveria apoiar a candidatura do pedetista Gustavo Fruet. O PMDB estadual, porém, não deve facilitar o apoio. O senador Roberto Requião (PMDB) é desafeto de Fruet. Soma-se a isso o fato de os deputados estaduais do PMDB fazerem parte da base de apoio do governador Beto Richa (PSDB), agora rival de Fruet. Por outro lado, o PMDB faz parte da base de sustentação do governo Dilma, o que significa dizer que o diretório nacional pode tentar impor uma declaração de apoio do PMDB paranaense a Fruet. A hipótese, porém, é pouco provável. “O mais provável é que o PMDB não declare apoio a nenhum dos dois candidatos”, diz Oliveira. “Com isso, a expectativa é saber para quem Luciano Ducci deve declarar apoio e para quem seus votos migrarão”, afirma Oliveira.

O governador Beto Richa, padrinho da candidatura de Ducci, deve insistir para que o prefeito apoie Ratinho Júnior. Como Fruet é apoiado pelo PT, que deve lançar Gleisi Hoffmann para concorrer com Richa em 2014, o governador tucano vê em Ratinho Júnior a única possibilidade de ter uma base de apoio importante na capital do Estado.

O resultado das eleições municipais em Curitiba foi um dos mais surpreendentes das capitais brasileiras. Se por um lado a votação de Ratinho Júnior (PSC) confirmou o primeiro lugar que ele tinha nas pesquisas, por outro a segunda colocação de Gustavo Fruet (PDT) mostrou que sua candidatura era mais forte do que sugeriam os levantamentos. No segundo turno, o pedetista chega com força por conta de sua arrancada final, enquanto Ratinho precisará provar a consistência de sua candidatura para conseguir se eleger.

Os 34,09% de votos válidos para Ratinho Júnior são resultado, principalmente, de uma campanha de conteúdo superficial e alto engajamento moral. Com essa base, o deputado, filho do apresentador do SBT, conseguiu se firmar como uma alternativa ante a polarização entre o atual prefeito, Luciano Ducci (PSB), e Fruet. “O um eleitorado de Ratinho Júnior é, em sua maioria, de baixa escolaridade e renda que foi atraído pela comunicação simples da campanha e pela grande insatisfação com a atual gestão”, diz Ricardo Oliveira, cientista político da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

A estratégia de Ratinho funcionou pois, ao contrário do que ocorreu com Celso Russomanno (PRB) em São Paulo, o candidato do PSC praticamente não foi atacado por seus adversários. “Tanto o candidato do PSB quanto o do PDT protagonizaram uma disputa interna que blindou Ratinho Júnior e o fez despontar na preferência do eleitor”, diz Oliveira. De acordo com o cientista político, o caso de Russomanno, que esteve liderança das pesquisas até o final de setembro e não conseguiu ir ao segundo turno, deve servir de exemplo para Ratinho Júnior, que precisará saber reagir ao tiroteio político. No segundo turno, ao contrário do que ocorreu no primeiro, Ratinho terá muito tempo de tevê e terá de mostrar propostas que convençam o eleitor. “Agora, o desafio é saber como Ratinho Júnior irá lidar com mais tempo de televisão para apresentar suas propostas e como reagirá ao tiroteio político e de críticas que, até o momento, esteve imune”, afirma o professor da UFPR.

A preparação de Ratinho será fundamental pois ele enfrentará um candidato muito fortalecido no segundo turno. A briga entre Fruet e Ducci foi travada até o último assalto. Somente nas urnas foi possível ter uma definição sobre quem iria para o segundo turno, e com uma diferença apertada, de pouco mais de 4,4 mil votos, Fruet conseguiu avançar. A ida ao segundo turno parecia muito difícil. Fruet largou com boas intenções de voto e chegou a estar empatado com Ducci. Quando os ataques de Ducci começaram, Fruet despencou nas pesquisas de setembro e alcançou se menor índice, 16%. Foi apenas em outubro que o candidato do PDT voltou a ascender nas pesquisas.

Os altos e baixos da campanha de Fruet devem-se, para Ricardo Oliveira, à estranha relação que o candidato mantinha com o PT. Deputado do PSDB, um dos mais combativos durante o escândalo do “mensalão”, Fruet deixou o PSDB em julho de 2011 após não conseguir espaço na legenda comandada pelo governador Beto Richa. Fruet, então, migrou para o PDT, partido da base aliada ao governo Dilma Rousseff, e logo foi lançado a uma aliança insólita que poucos, tanto no PT como no PSDB, pareciam dispostos a engolir. Tinha a seu lado a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, nome forte do governo Dilma. Ainda assim a tarefa não parecia fácil. A atuação de Fruet contra o PT ainda incomodava os petistas e causava confusão no eleitorado do candidato. Ao longo da campanha, uma reportagem do jornal Gazeta do Povo, o mais importante do Paraná, chegou a mostrar que apenas 20% dos eleitores que identificam o PT como partido preferido iriam votar no ex-tucano. Foi preciso Fruet entrar de forma profunda na campanha para subir. “Fruet só retomou o crescimento partir da metade de setembro, quando aceitou e incorporou em definitivo o PT e a imagem de Lula e Dilma junto à campanha”, argumenta Ricardo Oliveira. Com a virada sobre Luciano Ducci, na reta final do primeiro turno, Fruet chega mais fortalecido para a disputa. “Foi uma vitória moral, que mostra que o Freut venceu o fogo cruzado protagonizado no primeiro turno”, diz.

Apoios no segundo turno

No segundo turno, Ratinho e Fruet vão em busca de apoios dos partidos já fora da disputa. Por enquanto, as alianças seguem indefinidas.

O peemedebista Rafael Greca (PMDB) foi o quarto candidato mais votado, com 10,45% dos votos e, teoricamente, deveria apoiar a candidatura do pedetista Gustavo Fruet. O PMDB estadual, porém, não deve facilitar o apoio. O senador Roberto Requião (PMDB) é desafeto de Fruet. Soma-se a isso o fato de os deputados estaduais do PMDB fazerem parte da base de apoio do governador Beto Richa (PSDB), agora rival de Fruet. Por outro lado, o PMDB faz parte da base de sustentação do governo Dilma, o que significa dizer que o diretório nacional pode tentar impor uma declaração de apoio do PMDB paranaense a Fruet. A hipótese, porém, é pouco provável. “O mais provável é que o PMDB não declare apoio a nenhum dos dois candidatos”, diz Oliveira. “Com isso, a expectativa é saber para quem Luciano Ducci deve declarar apoio e para quem seus votos migrarão”, afirma Oliveira.

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