Política

Cunha corre risco de ser afastado do comando da Câmara

A parlamentares, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, sinaliza que entrará com pedido no STF se deputado virar réu

Cunha corre risco de ser afastado do comando da Câmara
Cunha corre risco de ser afastado do comando da Câmara
Eduardo Cunha (PMDB-RJ) pode ser afastado por quebra de decoro parlamentar
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O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), será alvo de um pedido de cassação no Conselho de Ética prometido para a terça-feira 13. Ele tinha conta bancária na Suíça, segundo ofício assinado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, mas mentiu sobre isso perante uma CPI em março e na declaração de bens entregue à Justiça eleitoral na campanha de 2014. Motivo para cassá-lo por quebra de decoro parlamentar, na visão do PSOL, autor do pedido.

A influência de Cunha entre os deputados torna uma incógnita o destino do pedido. Esta não é, porém, a única ameaça ao peemedebista, que tem dito que “não há a menor possibilidade de eu renunciar, me licenciar, qualquer coisa do gênero”. Uma articulação em gabinetes distantes da esfera de influência do deputado coloca em risco a permanência dele à frente da Câmara, na cada vez mais provável hipótese de ele se tornar réu por corrupção no Supremo Tribunal Federal (STF).

Na Procuradoria Geral da República e no STF já se discute se seria possível afastar Cunha do cargo com base nas mesmas regras aplicadas a presidentes da República processados por crime comum. O artigo 86 da Constituição manda afastar por 180 dias um presidente que virou réu no STF.

Tanto Janot quanto ministros do STF têm sido instados a pensar na ideia de que o artigo 86 deveria valer para todos os que podem assumir a Presidência no lugar do titular: o vice-presidente, o presidente da Câmara, o do Senado e o do STF. Entre os defensores da ideia, estão o juiz federal Marlon Reis, “pai” da Lei da Ficha Limpa, e o advogado Luiz Flávio Gomes.

Em meados de agosto, Reis apresentou a tese ao senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). O parlamentar ouviu, gostou e, junto com cinco colegas, levou uma representação a Janot com a proposta. No relato de um senador e um deputado presentes à conversa com Janot, o procurador-geral teria sinalizado, sem verbalizar, ter simpatia pela ideia. Mais: estaria disposto a pedir ao STF o afastamento de Cunha do comando da Câmara, caso o Supremo transforme-o em réu.

Cunha foi denunciado por corrupção por Janot com base nas investigações da Operação Lava Jato. O deputado teria recebido propina em negócios feitos pela Petrobras. O relator do processo no STF, Teori Zavascki, deu até o fim de outubro para o peemedebista apresentar a defesa. Depois disso, se aproximará a hora de o Supremo julgar a denúncia. Se aceitá-la, Cunha passará à condição de réu.

No Supremo, a ideia de afastar Cunha do cargo nos termos do artigo 86 da Constituição também já corre. Dias atrás, houve uma reunião entre ministros e parlamentares para discutir financiamento empresarial de campanhas. Na conversa, a tese sobre o artigo 86 apareceu. Houve um ministro que considerou a ideia razoável, outro que pareceu reticente, segundo relatos obtidos por CartaCapital.

Para o STF debruçar-se sobre o assunto, porém, teria de ser provocado por um pedido do procurador-geral da República. Algo que Janot tende a fazer.

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