Política

Cultura tem pouco espaço na corrida presidencial

Propostas para o setor ficam em segundo plano em meio a trocas de acusações entre candidatos e a temas de maior impacto sobre os eleitores, como educação e saúde

Festival Baixo Centro, no Minhocão em São Paulo, em abril de 2013
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Em segundo plano nos programas de governo dos candidatos e perdidas em meio a ataques e escândalos, as propostas para a cultura vêm ganhando pouco espaço na corrida à Presidência da República. Além disso, as propostas dos três principais candidatos – Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB) – para o setor ou são vagas demais ou não apresentam novidades.

“A sociedade brasileira avançou muito depois da redemocratização e estaria em condições de incluir as questões culturais no debate político-eleitoral já neste pleito”, avalia o professor de ciências políticas Aninho Irachande, da UnB. “Mas campanha tem sido mais pautada por acusações entre os candidatos do que pela apresentação de propostas claras.”

A ausência do tema na campanha espelha a atenção dada pelo governo federal para a cultura, tomando como base os recursos destinados. Em 2014, o orçamento do Ministério da Cultura é de 3,26 bilhões de reais. Para a saúde foram destinados 82,5 bilhões. Para a educação, 42,2 bilhões.

“A cultura não tem grande impacto na eleição, a não ser no aspecto da mobilização dos artistas, um dos elementos importantes de legitimação das candidaturas. As campanhas sempre mobilizam muitos artistas. São feitas algumas promessas para a cultura, mas são sempre coisas muito pontuais”, afirma o sociólogo Valeriano Mendes Costa, da Unicamp.

Com um orçamento baixo, há pouco espaço para o desenvolvimento de políticas inovadoras no setor. Além disso, segundo Costa, é difícil desenvolver uma pauta que agrade a todos por causa da fragmentação do meio artístico e da grande variedade de grupos e interesses conflitantes.

“A cultura não está sendo abordada com ênfase, mas o interesse existe e aparece no programa de governo dos principais candidatos. Mas há temas e conflitos mais sensíveis e urgentes, como saúde, educação, mobilidade urbana e segurança pública”, avalia Cecilia de Arruda, assessora especial da diretoria do Sindicato Nacional dos Artistas Plásticos de São Paulo e integrante do comitê brasileiro da Associação Internacional de Artes Plásticas da Unesco.

Segundo os analistas, o tema acesso à cultura tem pouco peso eleitoral também por ser uma preocupação distante para grande parte da população, apesar de o acesso à cultura estar longe de ser universal no país. Segundo a pesquisa Panorama Setorial da Cultura Brasileira, 42% dos brasileiros não tem o hábito de praticar atividades culturais com frequência.

Entre os que praticam, a atividade favorita é ir ao cinema. Outras opções, como ir ao teatro e a espetáculos de dança, ou visitar museus e exposições, quase não têm espaço no cotidiano do brasileiro. Mais de 70% da população, por exemplo, nunca assistiu a um espetáculo de dança, segundo a Unesco.

  • Autoria Clarissa Neher

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