A Medida Provisória 910/2019, conhecida como “MP da grilagem”, não foi votada na sessão marcada para esta terça-feira 12. Segundo o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o tema poderá entrar na pauta da próxima semana, mas na forma de um projeto de lei.
A MP é alvo de críticas por ambientalistas porque resultaria na apropriação ilegal de milhões de hectares, principalmente na Amazônia, além de provocar a reconcentração de terra, desmatamento, conflitos fundiários e insegurança jurídica, conforme argumentado pelo Instituto Socioambiental (ISA).
Em tese, a Medida tem o objetivo de estabelecer novos critérios para a regularização fundiária de móveis da União, incluindo assentamentos, ocupados até maio de 2014 e com área de até 15 módulos fiscais.
O governo do presidente Jair Bolsonaro alega que as mudanças simplificam o procedimento de regularização. Na lei anterior, o limite era de até quatro módulos fiscais ocupados até julho de 2008, e apenas na Amazônia Legal. A nova proposta é amplamente defendida pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.
Segundo Maia, a MP 910 está contaminada por radicalismos e pode desgastar a relação entre os líderes, o que comprometeria votações futuras. O presidente da Câmara afirmou que há “enfrentamento ideológico entre ambientalistas e agronegócio”.
O pedido de adiamento da análise da MP foi do líder do MDB, deputado federal Baleia Rossi (MDB-SP), sem necessidade de urgência. A MP perde validade e caduca em 19 de maio.
Nas redes sociais, a oposição comemorou o engavetamento da MP. O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) escreveu que “a pressão popular deu resultado”, mas pediu que se mantenha a mobilização para a pauta “não voltar à votação.
A pressão popular deu resultado.
A MP 910 foi retirada de pauta hoje. Mas temos que manter a mobilização pra não voltar à votação. Com latifundiários que atacam povos indígenas não podemos brincar. Os seus deputados podem se encontrar na madrugada pra tramar.#MP910Nao
— Glauber Braga (@Glauber_Braga) May 12, 2020
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