Política

CPI da Prevent Senior aprova relatório com pedido de indiciamento dos irmãos Parrillo e mais 18

Comissão apontou o cometimento de 52 crimes, incluindo homicídio, crime contra a humanidade e crime de falsidade ideológica

Foto: Divulgação/Prevent Senior
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A CPI da Prevent Senior, da Câmara Municipal de São Paulo, aprovou nesta segunda-feira, por unanimidade, o relatório final do vereador Paulo Frange (PTB), que recomenda o indiciamento de 20 pessoas, incluindo os donos da operadora, Eduardo Parrillo e Fernando Parrillo.

Ao todo, a CPI apontou o cometimento de 52 crimes pelos donos e funcionários da empresa, mais que o dobro da CPI da Covid do Senado Federal. São crimes como homicídio e tentativa de homicídio, omissão de socorro, falsidade ideológica e crime contra a humanidade, este previsto no Estatuto do Tribunal Penal Internacional de Roma.

A comissão concluiu que a Prevent Senior adotou um protocolo institucional para tratamento da Covid-19, com uso de medicamentos comprovadamente ineficazes. Também realizou pesquisas com seres humanos e feriu a autonomia médica, impondo a seus funcionários a “doutrina da aplicação do Kit Covid”, o que caracteriza assédio moral institucional. Por fim, a CPI coloca que os hospitais da operadora possuem taxas de letalidade elevada entre os pacientes internados com Síndrome Respiratória Aguda.

De acordo com o relatório, apresentado nesta segunda-feira, Fernando Parrillo cometeu o crime de omissão de socorro, já que, como proprietário da empresa, negou o devido atendimento médico a milhares de pacientes que buscaram tratamento eficaz contra a Covid-19 e receberam, no lugar, o kit Covid, conjunto de medicamentos comprovadamente ineficazes contra a doença.

Já Eduardo Parrillo deve responder também por omissão de socorro e por crime contra a humanidade, já que promoveu pesquisas em seres humanos sem respaldo das normas legais, expondo a vida e saúde dos beneficiários que não tinham conhecimento de serem cobaias.

Além dos donos, o relatório final da CPI pede o indiciamento dos oito médicos que assinaram o protocolo de manejo clínico da Covid-19 e dos 15 profissionais que participaram do preprint sobre uso de hidroxicloroquina associada à azitromicina no tratamento da Covid-19. O estudo foi suspenso pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), em abril do ano passado, após o órgão verificar que os testes com pacientes se iniciaram antes que a pesquisa fosse autorizada.

Frange havia pedido o indiciamento da infectologista Carla Morales Guerra Godoy, que inicialmente era a pesquisadora responsável pelo estudo do preprint. No entanto, a pedido do vereador Antonio Donato (PT), o nome da médica ficou de fora do relatório final. O presidente da CPI recordou que, em novembro, Carla prestou depoimento à comissão dizendo ser contra a realização de pesquisas naquele momento e a indicação generalizada da hidroxicloroquina, o que a levou a se afastar dos estudos sobre o tema.

Também foram pedidos indiciamentos dos integrantes do “Pentágono”, estrutura interna de comando das ações que teria decidido pelo uso do Kit Covid e pelos experimentos em pacientes. Entre os nomes apontados pelo relatório estão o diretor-executivo da empresa, Pedro Benedito Batista Júnior.

Uma das médicas, Daniela de Aguiar Moreira da Silva, teve o pedido de indiciamento por tentativa de homicídio do paciente Tadeu Frederico Andrade. Segundo o relator, Daniela praticou mistanásia, quando há morte por omissão.

Em depoimento, Tadeu afirmou que se infectou no natal de 2020 e foi atendido pela telemedicina da Prevent, onde foi receitado a ele o Kit Covid. O quadro, no entanto, se agravou e Tadeu foi internado na UTI. Passado um mês, os médicos queriam colocá-lo em cuidados paliativos, mas a família se recusou e contratou um médico particular, que conseguiu tratá-lo. O caso está sendo investigado pelo Ministério Público do Estado de São Paulo.

Em nota, a Prevent Senior disse que contesta o relatório, as sugestões de indiciamentos e reafirma ter total interesse em que investigações técnicas possam restabelecer a verdade dos fatos.

“A direção da Prevent Senior, seus mais de 3 mil médicos e 12 mil colaboradores seguirão trabalhando para prestar atendimento de excelência aos seus mais de 550 mil beneficiários, como tem feito ao longo dos seus 25 anos de existência, sem qualquer vínculo político.”

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