Política

Corregedor da Receita teria sido pressionado a não investigar acesso a dados de desafetos de Bolsonaro, diz jornal

João José Tafner é acusado de prevaricação no caso de Ricardo Pereira Feitosa, que teria acessado dados de procurador que investigava o suposto esquema de ‘rachadinha’

O deputado federal Eduardo Bolsonaro e João José Tafner. Foto: Reprodução
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O corregedor da Receita Federal João José Tafner afirmou que teria sofrido pressão do antigo comando do Fisco, no ano passado, para não dar seguimento a um processo disciplinar aberto contra um servidor que acessou dados sigilosos de opositores da família do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). As informações são do jornal Folha de S. Paulo.

De acordo com a publicação, a declaração de Tafner teria sido feita internamente na Receita Federal. A partir dela, uma investigação foi instaurada pela Corregedoria do Ministério da Fazenda.

Acesso a dados sigilosos e pressão contra Tafner

O servidor investigado por ter acessado os dados seria Ricardo Pereira Feitosa, chefe da inteligência da Receita Federal durante o governo Bolsonaro. Ele teria tido acesso a informações, como declarações completas do Imposto de Renda, do Procurador-Geral de Justiça do Rio de Janeiro (RJ) Eduardo Gussem que, entre outros casos, investiga o suposto esquema de “rachadinhas” no gabinete de Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

Ele também teria acessado e copiado dados do empresário Paulo Marinho e de Gustavo Babianno, que se tornaram desafetos de Bolsonaro. Os acessos aos dados sigilosos teriam sido feitos nos dias 10, 16 e 18 de julho de 2019.

Segundo a publicação, não havia investigações contra essas pessoas que justificassem os acessos aos dados.

Documentos internos e depoimentos de pessoas ligadas aos casos indicariam que Tafner foi pressionado por Julio Cesar Vieira Gomes (então secretário da Receita Federal) e José de Assis Ferraz Neto (então subsecretário-geral da Receita Federal) a não aplicar punição a Ricardo Pereira Feitosa.

Investigações na Corregedoria do Ministério da Fazenda

Com a saída de Vieira Gomes da Receita Federal no fim do governo Bolsonaro, Robinson Barreirinhas assumiu o posto. No cargo, ele já teria, segundo a publicação, transcrito as acusações de Tafner em ata e enviado à Corregedoria do Ministério da Fazenda para investigação. A acusação que pesa contra Tafner é de prevaricação.

Além disso, segundo a publicação, na ata estaria contida uma acusação de Tafner contra Barreirinhas. Ele teria afirmado que sofreu pressão do atual comando da Receita para renunciar ao seu mandato de corregedor, que só deveria terminar em janeiro de 2025. 

Tafner participou, diversas vezes, de atos de campanha de Bolsonaro em 2018. Há registros seus ao lado de Eduardo Bolsonaro, utilizando a camisa da seleção brasileira e adesivo de candidatos do PSL. 

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