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Correção de rota

A Caixa reassumiu o papel de contribuir para o desenvolvimento do País, prova a presidente Rita Serrano

Empenho. A gestora veste a camisa de um banco verdadeiramente público, voltado para o interesse da maioria dos brasileiros – Imagem: Joédson Alves/ABR
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Diante da pressão do Centrão pelo controle da Caixa Econômica Federal, a presidente Rita Serrano fez questão de divulgar um balanço com as principais ações da instituição financeira nos seis primeiros meses do ano. Enquanto os bancos privados reduziram a oferta de crédito, um dos efeitos da deletéria política de juros altos praticada pelo Banco Central de Roberto Campos Neto, a Caixa concedeu empréstimos que somam 259,1 bilhões de reais no semestre, alta de 9% em relação a igual período do ano passado. Já a carteira de crédito imobiliário cresceu 15,6%. Além disso, a retomada de obras paralisadas há muitos anos permitiu a entrega de 7,5 mil unidades habitacionais do Minha Casa Minha Vida. “A Caixa está retomando o seu papel de contribuir para o desenvolvimento do País”, resumiu Serrano, em recente entrevista a CartaCapital. Confira, a seguir, os principais trechos da conversa. A íntegra, em vídeo, está disponível em nosso canal no YouTube.

O Centrão de olho na Caixa
O presidente Lula é quem indica os presidentes das estatais, e a única orientação que recebi dele é para trabalhar. Recentemente, participei de dois eventos com ele, um para assinatura de um financiamento para o estado de Pernambuco, no Palácio do Planalto, e outro para assinatura das novas regras do programa Minha Casa Minha Vida. Nessa última oportunidade, apresentei um balanço das ações da Caixa nos seis primeiros meses do ano, um relatório de prestação de contas, e o presidente voltou a orientar: “Trabalhe bastante, porque ainda temos muita coisa para fazer no próximo período”. É o que estou fazendo, trabalhando muito, incansavelmente.

Aumento da oferta de crédito
Diferentemente de alguns setores do sistema financeiro que, em um cenário de juros elevados, optam em investir em tesouraria, em fundos, a Caixa está focando na concessão de crédito. Foram 259,1 bilhões de reais em empréstimos concedidos no primeiro semestre deste ano, aumento de 9% em relação a igual período do ano passado. Nossa carteira de habitação também cresceu muito. Foram 85 bilhões de reais destinados a crédito habitacional, alta de 15,6%. A procura cresceu muito porque houve um refluxo na oferta de crédito imobiliário por bancos privados, mas mantivemos as nossas linhas abertas para a população. Na verdade, a Caixa está retomando o seu papel, de contribuir para o desenvolvimento do País.

Enquanto o setor privado fechou a torneira, o banco público aumentou em 9% a oferta de crédito à população

A retomada do programa Minha Casa Minha Vida
De largada, houve um grande esforço para retomar os empreendimentos paralisados há tempos. Temos obras inacabadas de 2013, 2014, 2016… Neste primeiro semestre, a Caixa entregou 7,5 mil unidades habitacionais. Para o segundo semestre, esperamos entregar outras 10 mil moradias, partes desses empreendimentos que estavam parados. As contratações do novo Minha Casa Minha Vida começaram há pouco. A linha de crédito, com recursos do FGTS, já está aberta. As pessoas podem se dirigir a uma agência da Caixa e solicitar o subsídio. Em relação às unidades voltadas para a população mais carente, integralmente custeadas pela União, a Caixa está analisando o cadastro único dos beneficiários de programas sociais e esperando propostas de movimentos sociais para selecionar e iniciar os empreendimentos.

A sabotagem do BC
Assim como diversos setores da sociedade civil e do empresariado, entendo que a taxa de juros praticada pelo Banco Central prejudica a economia e a geração de empregos. Vamos analisar o impacto da Selic a 13,75% ao ano na Caixa. Parte do fundo para crédito habitacional é oriundo do Sistema Brasileiro de Poupança e Crédito. Desde o início de 2022, esse sistema perdeu cerca de 160 bilhões de reais. Por quê? Com os juros elevados, o investimento em poupança deixou de ser atrativo. Com esse desfalque, a Caixa precisou aumentar o uso de recursos do FGTS ou das operações de LCI, que é uma letra de crédito mais cara. Consequentemente, a taxa de juros cobrada dos financiamentos imobiliários aos clientes é um pouco maior.

Endividamento dos brasileiros
Boa parte das dívidas dos brasileiros é proveniente do cheque especial e do cartão de crédito, cuja taxa média de juros gira em torno de 14% ao mês (mais de 400% ao ano). Ninguém aguenta pagar juros tão elevados, que acabam por agravar o endividamento da população. Somente na Caixa temos 17 milhões de pessoas endividadas, com um montante de débitos superior a 220 bilhões de reais (em todo o País, o número de brasileiros endividados passa dos 70 milhões). Além do projeto Desenrola, do governo federal, temos um programa próprio de refinanciamento de dívidas, chamado Tudo em Dia, para intensificar as ações de regularização dos débitos. Quem pode pagar à vista tem desconto de até 90% nos juros e multas. O prazo de parcelamento também aumentou, de 96 para 120 meses. Tivemos de montar verdadeiros mutirões para conseguir atender tantos clientes endividados.

Cuidado especial com as mulheres
Atualmente, 52% das pessoas endividadas na Caixa são mulheres que, apesar da recente lei de equiparação salarial assinada por Lula, ainda ganham salários menores que os homens e estão em postos de trabalho precários. Muitas são chefes de família e, por isso, temos um cuidado especial com elas. Graças ao Desenrola, a Caixa limpou os cadastros de 225 mil clientes negativados que deviam até 100 reais. Ninguém gosta de ter nome sujo, mas o principal mérito dessa iniciativa foi permitir que essas pessoas voltassem a ter acesso a crédito para consumir itens antes inacessíveis. •

Publicado na edição n° 1270 de CartaCapital, em 02 de agosto de 2023.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘Correção de rota’

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