Coronel que discutiu golpe com Cid irá para a reserva remunerada do Exército

A decisão sobre Jean Lawand Junior foi tomada 'a pedido'. Ele está na lista de indiciamentos sugeridos pela CPMI do 8 de Janeiro

O coronel Jean Lawand Junior e o deputado Arthur Maia. Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

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O coronel Jean Lawand Junior, que enviou mensagens de teor golpista ao tenente-coronel Mauro Cid em 2022, irá para a reserva remunerada do Exército em janeiro de 2024. A decisão, tomada “a pedido”, consta da edição de 27 de novembro do Diário Oficial da União e foi assinada pelo general de Divisão Sérgio Rezende de Queiroz.

Entre outros materiais, a Polícia Federal localizou no celular de Cid a minuta de um texto sobre declaração de estado de sítio no Brasil e uma série de diálogos golpistas com Lawand Junior, então subchefe do Estado Maior do Exército.

“Soube agora que não vai sair nada”, escreveu Lawand Junior. “Decepção irmão. Entregaram o país aos bandidos”, acrescentou. A mensagem é de 21 de dezembro. Menos de três minutos depois, Cid respondeu: “Infelizmente”. Dias antes, os dois haviam debatido a “necessidade” de se “dar a ordem” para um plano golpista.

“CID, pelo amor de Deus, o homem [Jair Bolsonaro] tem que dar a ordem”, suplicou Lawand em 10 de dezembro. O mesmo pedido já havia sido feito pelo militar, em áudio, nove dias antes. Naquela ocasião, Cid respondeu que o então presidente não “daria a ordem” por não confiar no ACE, uma alusão ao Alto Comando do Exército.

Em depoimento à CPMI do 8 de Janeiro, em junho, o coronel não negou a troca de mensagens, mas disse que não teria pedido um golpe de Estado ou incentivado a desobediência entre os militares. O teor da conversa, segundo ele, seria marcado apenas por lamentos pessoais.

Na ocasião, chegou a dizer que o termo “dar a ordem” seria um pedido para que Bolsonaro se pronunciasse a fim de apaziguar e desmobilizar os acampamentos e os bloqueios de estradas após as eleições. O relatório da CPMI, no entanto, defende o indiciamento de Lawand Junior.


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