Política

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Contra o golpe do medo

O perigo de uma ruptura institucional liderada por Bolsonaro é real, mas não iminente

Apropriação indébita. Bolsonaro e apoiadores no Rio de Janeiro, 7 de Setembro. O capitão sequestrou a festividade e fez um ato descarado de campanha eleitoral - Imagem: Ruy Baron/AFP
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Os olhos da inquietação do mundo têm hoje muito para onde olhar. O processo eleitoral em curso no Brasil é, certamente, um dos alvos de atenção. Os processos eleitorais, mesmo quando muito intensos, como aconteceu recentemente na Colômbia (eleição do primeiro presidente de esquerda na história do país e da primeira vice-presidente negra na história da América Latina) e no Chile (rejeição do projeto da nova Constituição que substituiria a ­atual, herdeira da ditadura de Pinochet), não costumam atingir o nível de drama existencial que os brasileiros vivem atualmente. Esse drama resulta da ameaça que paira sobre a sobrevivência da própria democracia, ameaça que decorre das declarações e mobilizações públicas do presidente Jair Bolsonaro e seus seguidores, pondo em causa a transparência do escrutínio eleitoral, fazendo a apologia de um possível golpe de Estado, com apelos às Forças Armadas para intervir e suspender ou encerrar as instituições, nomeadamente o Supremo Tribunal Federal, um dos principais garantes da normalidade no atual contexto.

Tudo isso, combinado com um ambiente digital de redes sociais altamente poluí­do pelas notícias falsas, pelo discurso do ódio e por prosélitos religiosos do apocalipse e da redenção pela tríade Deus, Pátria e Família, tem levado à criação de um ambiente de intimidação que, de algum modo, paralisa a manifestação pública da diversidade das opções políticas e obriga os titulares de cargos superiores do Estado a medidas de segurança incomuns. As celebrações do 7 de Setembro, dia da Independência do Brasil, foram politicamente instrumentalizadas a um extremo que nem em tempos da ditadura se tinha atingido. Haverá risco de um golpe de Estado no Brasil? Serão pacificamente reconhecidos os resultados eleitorais, se forem contrários aos interesses bolsonaristas? A quem servem a retórica do golpe anunciado e o ambiente de intimidação instalado?

Outros interesses, como aqueles do governo Biden, chocam-se com as pretensões do capitão

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