Política
Relator recua e defende suspensão de 3 meses para bolsonarista que xingou Gleisi e desejou a morte de Lula
A primeira versão do parecer propunha a suspensão do mandato de Gilvan da Federal (PL) por seis meses. O caso é analisado pelo Conselho de Ética da Câmara nesta terça-feira 6


O deputado Ricardo Maia (MDB-BA) alterou seu relatório e agora defende suspender por três meses o mandato de Gilvan da Federal (PL-ES) por ofensas contra a ministra Gleisi Hoffmann. O parlamentar baiano é o relator do caso contra o bolsonarista que chegou ao Conselho de Ética da Câmara nesta terça-feira 6.
A primeira versão do parecer defendia a suspensão por seis meses, de acordo com o que recomendou a Mesa Diretora da Casa.
Segundo Maia, “há indícios consistentes de prática de conduta incompatível com o decoro parlamentar” no episódio em que o bolsonarista xingou a ministra das Relações Institucionais. A suspensão, diz o emedebista, é necessária diante do risco de repetição da conduta violenta, o que poderia prejudicar a imagem institucional da Câmara e comprometer os trabalhos parlamentares.
“Diante do exposto, esta Relatoria manifesta-se favoravelmente ao acatamento do pedido de suspensão cautelar do mandato parlamentar do Deputado GILVAN DA FEDERAL, pelo prazo de seis meses”, anotou Maia. “Trata-se de medida legítima, proporcional e necessária, que visa preservar a dignidade da representação parlamentar e zelar pela integridade da instituição legislativa perante o povo brasileiro”, concluiu o relator.
Leia a íntegra do relatório:
Tramitacao-REP-1-2025Discussão com deputado petista e ofensas a Lula
O episódio que pode gerar a suspensão do mandato de Gilvan diz respeito ao momento em que ele, durante reunião na Câmara, xinga a ministra Gleisi Hoffmann. A representação foi assinada pelo presidente da Câmara Hugo Motta (Republicanos) e por outros líderes da Casa.
Segundo Motta, Gilvan, ao ofender a ministra, teve atitude incompatível com o decoro parlamentar, “em evidente abuso das prerrogativas parlamentares, o que configura comportamento incompatível com a dignidade do mandato.”
O parlamentar, porém, se envolveu em ao menos outros dois episódios de violência nas dependências da Câmara nas últimas semanas. No primeiro deles, disse desejar a morte do presidente Lula (PT). Depois, partiu para cima do deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) durante uma discussão.
“As falas do representado excederam o direito constitucional à liberdade de expressão, caracterizando abuso das prerrogativas parlamentares, além de ofenderem a dignidade da Câmara dos Deputados, de seus membros e de outras autoridades públicas”, informou Motta no documento encaminhado ao Conselho de Ética e acatado pelo relator do caso.
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