Política

Congresso tenta derrubar vetos de Bolsonaro para ampliar gastos em ano eleitoral

A liderança do governo tentará votar um projeto de lei que abre um crédito adicional de R$ 1,7 bilhão no Orçamento

Congresso tenta derrubar vetos de Bolsonaro para ampliar gastos em ano eleitoral
Congresso tenta derrubar vetos de Bolsonaro para ampliar gastos em ano eleitoral
Jair Messias Bolsonaro. Foto: Sergio Lima / Poder360 / AFP
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O Congresso deve analisar 31 vetos do presidente Jair Bolsonaro nesta quinta-feira 17. No pacote está a tentativa de liberar R$ 1,4 bilhão em emendas parlamentares no Orçamento bloqueadas pelo governo para uso em ano eleitoral. A pressão por novos gastos preocupa o Executivo, que preferiu priorizar verbas como a que garante aumento salarial para policiais.

A liderança do governo tentará votar também hoje projeto de lei que abre um crédito adicional de R$ 1,7 bilhão no Orçamento para despesas com servidores públicos. Para aprovar essa proposta, o Executivo defende a manutenção do veto presidencial ao Orçamento que atingiu verbas de interesse dos parlamentares. No Congresso há pressão para recomposição das emendas.

O impasse provocou uma movimentação de deputados e senadores nos bastidores do Congresso, na quarta-feira, 16. Após uma reunião entre líderes partidários, a Comissão Mista de Orçamento (CMO) resolveu pautar o projeto de crédito adicional para uma reunião nesta manhã. Uma ala do Congresso, porém, exige que os vetos – pautados para uma sessão do plenário às 14 horas – sejam analisados antes.

O veto ao Orçamento de 2022 atingiu R$ 3,2 bilhões em recursos, incluindo R$ 1,4 bilhão de emendas aprovadas por comissões da Câmara e do Senado, que agora pressionam pela derrubada do veto. Além disso, o presidente Jair Bolsonaro também cortou R$ 988 milhões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

O líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO), afirmou que o Executivo admite a derrubada apenas do veto relativo à Previdência, mantendo os demais recursos cortados. Conforme o Estadão/Broadcast Político revelou, Bolsonaro preservou emendas apadrinhadas pelo ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, incluindo a que abre espaço para reajuste aos policiais federais e cortou mais de 95% das verbas incluídas no Orçamento por deputados e senadores membros de comissões temáticas do Congresso.

Além das emendas, outros vetos na pauta ameaçam diretamente a execução do Orçamento 2022, cujo espaço no teto de gastos (regra que atrela o crescimento das despesas à inflação) já está ocupado por uma série de despesas, incluindo o pagamento de aposentadorias, a manutenção dos ministérios, o orçamento secreto e o fundo eleitoral.

Há ainda pressão para derrubar o veto do presidente Jair Bolsonaro ao Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse). Um dos dispositivos assegura aos beneficiários que tiveram redução superior a 50% no faturamento entre 2019 e 2020 uma indenização baseada nas despesas com pagamento de empregados, o que pode gerar impacto de R$ 2,5 bilhões.

Outra proposta na pauta retoma o benefício fiscal para o setor de portos e ferrovias, conhecido como Reporto, que pode diminuir a arrecadação da União – o impacto não foi apresentado.

No mesmo pacote da sessão do Congresso, um projeto garante que produtores de etanol possam efetuar a venda direta do produto e estende essa permissão às cooperativas produtoras e aos comercializadores de etanol. A equipe econômica também aponta risco para a arrecadação do governo.

O líder do governo afirmou que um acordo para a votação dos vetos só deve ser finalizado hoje e que é “zero” a chance da pauta de vetos se transformar em uma bomba fiscal para o Executivo, apesar da pressão no Legislativo.

“Zero. Alguma recomposição de recursos pode acontecer por excesso de arrecadação, mas não tem negócio de furar o teto”, disse Eduardo Gomes. Ainda assim, ele admitiu a derrubada dos cortes ao Orçamento do INSS, ao Reporto e ao setor de eventos.

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