Compromisso com o erro

Depois da malfadada tentativa de dispersão, Tarcísio de Freitas recicla a aposta nas internações forçadas

Housing First. O primeiro passo para a recuperação é o acesso à moradia, diz o psiquiatra Flávio Falcone, o Palhaço - Imagem: Luca Meola

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Em dez anos de trabalho na Cracolândia, nunca vi uma situação tão grave”, lamenta o psiquiatra Flávio Falcone, que desenvolve atendimento à população de rua do Centro da capital paulista com abordagem humanizada, vestido como palhaço. “A hipocrisia é gritante. O governo estadual fala em ‘revitalizar’ o Centro, como se não existisse vida ali.” A conversa começou por telefone e continuou com uma caminhada pelas ruas da região onde o “fluxo” de usuários de drogas está espalhado desde que a Praça Princesa Isabel foi desocupada pelas polícias Civil e Militar, em meados de 2022.

No percurso, Falcone é frequentemente abordado por dependentes químicos, que o cumprimentam como um velho amigo. Pudera, Palhaço, como é conhecido, convive com eles diariamente e promove diversas atividades culturais, como o slam do fluxo, uma espécie de batalha de poesias – sim, existem poetas na Cracolândia. Na avaliação do psiquiatra e pesquisador da Unifesp, a situação só piorou desde que foi deflagrada a Operação Caronte, que desocupou a praça sem nenhum plano de acolher as centenas de pessoas que viviam por ali, em uma das maiores cenas abertas de consumo de drogas do mundo. Se antes os usuários estavam concentrados no mesmo local, agora o fluxo foi pulverizado em vários logradouros do Centro.

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1 comentário

José Carlos Gama 27 de janeiro de 2023 14h40
Esse insistência de fazer as coisas erradas, uma vez que já se comprovou que esse tipo de abordagem não dá resultados suficientes para mantê-lo. A questão das drogas só será amenizado a longuíssimo prazo, portanto, tem se que pensar em uma política única que dê atenção permanente e não de vez em nunca.

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